Por Mohammed Salem e Nidal al-Mughrabi
GAZA/DOHA (Reuters) - As forças israelenses bombardearam áreas no norte e no sul de Gaza nesta quarta-feira, depois que o Hamas afirmou ter recebido e que está estudando uma nova proposta para um cessar-fogo e a libertação de reféns mantidos no enclave palestino.
A proposta, apresentada ao grupo militante palestino por mediadores após conversações com Israel, parecia ser a iniciativa de paz mais séria em meses na guerra entre Israel e o Hamas.
Uma autoridade sênior do Hamas disse à Reuters que a proposta de cessar-fogo em Gaza envolve uma trégua em três etapas, durante a qual o grupo libertaria primeiro os civis restantes entre os reféns capturados em 7 de outubro, depois os soldados e, finalmente, os corpos dos reféns que foram mortos.
As potências mundiais esperam evitar um conflito mais amplo, mas as tensões no Oriente Médio permaneciam altas depois que os rebeldes do grupo Houthi do Iêmen, alinhados ao Irã, disseram que continuarão atacando navios de guerra norte-americanos e britânicos no Mar Vermelho em solidariedade aos palestinos.
As relações entre Teerã e Washington também estão tensas após a morte de três soldados norte-americanos em um ataque de drone na Jordânia, que as autoridades dos EUA atribuem a militantes apoiados pelo Irã. Washington ainda não delineou sua resposta, mas a Guarda Revolucionária do Irã afirmou na quarta-feira que responderia a qualquer ameaça dos EUA.
Autoridades de saúde de Gaza disseram que 26.900 palestinos foram mortos - incluindo 150 nas últimas 24 horas - na guerra que foi desencadeada depois que combatentes do Hamas invadiram cidades israelenses a partir de Gaza em 7 de outubro, matando 1.200 pessoas e fazendo 253 reféns.
Nos combates mais recentes, Israel bombardeou partes da cidade de Khan Younis, no sul de Gaza, distritos da Cidade de Gaza, no norte, e áreas do campo de refugiados de Al-Nuseirat, na região central de Gaza, segundo moradores.
Testemunhas disseram que tanques bombardearam áreas ao redor do Hospital Nasser em Khan Younis, o maior hospital ainda em funcionamento no sul de Gaza.
Para obter melhor acesso às linhas de frente, os médicos palestinos dizem que formaram pontos médicos de campo, já que chegar aos mortos e feridos em Khan Younis tem se tornado cada vez mais difícil em meio a batalhas de rua e ataques de artilharia.
"Há muitos feridos entre os deslocados que estavam no bairro industrial e em algumas escolas", disse o chefe da unidade de emergência do Hospital Nasser, Nassim Hassan.
Um grande número de famílias deslocadas tem se abrigado em uma instalação semelhante a um depósito no Hospital Al-Amal, em Khan Younis, encolhendo-se de medo enquanto tiros soam do lado de fora, como mostrou um vídeo da Sociedade do Crescente Vermelho Palestino.
O Crescente Vermelho disse na terça-feira que as forças israelenses invadiram o hospital e pediram às pessoas deslocadas e aos funcionários que deixassem o local sob a mira de armas. Um porta-voz militar israelense negou.
Os militares de Israel disseram que suas forças mataram pelo menos 25 militantes palestinos em Gaza nas últimas 24 horas e que três soldados israelenses haviam sido mortos em combate. Pelo menos 224 soldados israelenses já foram mortos durante a ofensiva terrestre.
(Reportagem adicional de Maayan Lubell, Fadi Shana, Estelle Shirbon, Jana Choukeir e Nadine Awadalla)