Por Maayan Lubell
JERUSALÉM (Reuters) - Sangue no chão de um túnel escuro, apertado, isolado por uma porta de ferro, com balas de rifles e um tabuleiro de xadrez podem ser vistos em um vídeo divulgado pelos militares israelenses onde, afirmam eles, seis reféns foram mantidos e executados pelo Hamas.
O vídeo foi filmado pelos militares na última sexta-feira, de acordo com o porta-voz almirante Daniel Hagari, enquanto uma equipe forense investigava os assassinatos de reféns. Ele foi divulgado ao público nesta terça-feira, depois que foi assistido pelas famílias das vítimas e pelo gabinete de segurança israelense.
Os seis reféns foram mortos na noite de 29 de agosto, disse Hagari. Seus corpos foram encontrados e resgatados pelos soldados israelenses no sul de Gaza, na região de Rafah, cerca de dois dias depois.
Hagari disse que pelo menos dois militantes do Hamas os mataram no túnel, que está a 20 metros abaixo do solo. O local tem menos de 170 centímetros de altura e 80 centímetros de largura. Era um eixo de saída usado pelos militantes, abaixo de um quarto de criança em uma casa.
Os reféns foram, provavelmente, mantidos no túnel úmido por algum tempo, possivelmente semanas, em um lugar difícil de respirar e de ficar em pé, disse Hagari.
Uma versão do vídeo com narração em inglês mostra balas de rifle Kalashnikov, sacolas contendo garrafas de plástico cheias de urina e um balde sobre um buraco que servia de banheiro. Roupas de mulheres estavam espalhadas sobre o chão.
A versão em hebreu, transmitida ao vivo pelos canais israelenses, também mostrava um tabuleiro de xadrez.
A Reuters não conseguiu verificar de maneira independente a localização ou a data em que o vídeo foi filmado.
As tropas israelenses estavam na região enfrentando militantes do Hamas sobre o solo quando os reféns foram assassinados, disse Hagari, acrescentando que os soldados não tentavam uma operação de resgate. Os militares não tinham relatório de inteligência confirmando a presença de reféns na área, acrescentou.
Os seis reféns mortos eram duas mulheres e quatro homens com idades entre 23 e 40. Cinco deles foram sequestrados no festival de dança Nova, atacado pelos militantes do Hamas em 7 de outubro do ano passado. Um deles era pai de um bebê que nasceu depois que ele foi sequestrado. As mortes desencadearam uma onda de indignação e de luto em Israel.
Os esforços para garantir um cessar fogo em Gaza, que incluiria um acordo para a libertação de reféns, não foram bem sucedidos, com Israel e Hamas culpando o outro lado pelo impasse. Manifestações maciças na semana passada exigiam que os líderes israelenses façam mais pela libertação dos reféns.
Militantes liderados pelo Hamas sequestraram cerca de 250 reféns, entre estrangeiros e israelenses, quando invadiram Israel no dia 7 de outubro e mataram 1,2 mil pessoas, segundo estimativas israelenses. A ofensiva de Israel em Gaza matou mais de 40 mil palestinos desde então.
Cerca de 100 reféns continuam em Gaza. Acredita-se que um terço deles está morto. Mais de 100 reféns foram libertados em troca de prisioneiros palestinos em novembro e oito foram resgatados pelas forças israelenses.