Por Nidal al-Mughrabi e Mohammad Salem e Maayan Lubell
CAIRO/GAZA/JERUSALÉM (Reuters) - O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta quinta-feira ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que decidiu enviar uma delegação para retomar as paralisadas negociações de libertação de reféns com o Hamas, anunciaram ambos os governos.
Em ligação telefônica, Netanyahu repetiu sua posição de que Israel só encerrará sua guerra na Faixa de Gaza, que já dura quase nove meses, quando todos os seus objetivos forem alcançados, disse seu gabinete em comunicado.
A emissora de televisão israelense Channel 12 informou que o Mossad, serviço de inteligência de Israel, vai liderar a delegação israelense que negociará a libertação, embora esse fato não tenha sido imediatamente confirmado.
Netanyahu faria nesta quinta-feira consultas a sua equipe de negociação e discutiria o tema dos reféns com seu gabinete de segurança.
A Casa Branca afirmou que os líderes de ambos os países conversaram sobre a resposta recebida recentemente do Hamas.
“O presidente saudou a decisão do primeiro-ministro de autorizar seus negociadores a participarem das conversas com mediadores norte-americanos, cataris e egípcios, em esforço para obter um acordo.”
Não ficou claro onde ocorrerão as negociações. Esforços passados para encerrar o conflito na Faixa de Gaza foram mediados por Egito e Catar, com reuniões sendo realizadas em ambos os países.
Na quarta-feira, Israel recebeu a resposta do Hamas para uma proposta tornada pública no fim de maio por Biden. O plano incluiria a libertação de cerca de 120 reféns na Faixa de Gaza e o estabelecimento de um cessar-fogo no enclave palestino.
Uma autoridade palestina próxima às negociações disse à Reuters que o Hamas, grupo militante que controla a Faixa de Gaza, mostrou flexibilidade sobre algumas cláusulas, o que permitiria o fechamento de um acordo caso Israel o aprove.
Duas autoridades do Hamas que foram contactadas não responderam imediatamente aos pedidos para que comentassem sobre o tema. O grupo afirmou que qualquer acordo deve prever o fim da guerra e a retirada total de Israel da Faixa de Gaza. Os israelenses, por sua vez, dizem que apenas aceitam realizar pausas temporárias nos conflitos, até que o Hamas seja erradicado.
O plano prevê a libertação gradual de reféns israelenses ainda mantidos em Gaza e a retirada das forças israelenses nas duas primeiras fases, e também a liberação de prisioneiros palestinos. A terceira fase envolve a reconstrução do território destruído pela guerra e o retorno dos restos mortais dos reféns que faleceram.
Na Faixa de Gaza, palestinos mostraram cautela quanto à resposta israelense: “Espero que este seja o fim da guerra. Estamos exaustos e não podemos aguentar mais retrocessos e decepções”, afirmou Youssef, pai de duas crianças e desabrigado na cidade de Khan Younis, no sul do enclave.
Na quinta-feira, o ministério da Saúde da Faixa de Gaza afirmou que o número de mortos do lado palestino passou de 38 mil, com 87.445 feridos. A guerra começou no dia 7 de outubro, quando homens armados do Hamas invadiram o sul de Israel, matando 1.200 pessoas e tomando cerca de 250 reféns, de acordo com contagens israelenses.
(Reportagem de Nidal al-Mughrabi, Maayan Lubell e Clauda Tanios; reportagem adicional de Steve Holland em Washington)