Israel sinaliza descontentamento com "erro" da Austrália sobre Jerusalém Ocidental

Publicado 16.12.2018, 14:08
© Reuters.  Israel sinaliza descontentamento com "erro" da Austrália sobre Jerusalém Ocidental

Por Dan Williams

JERUSALÉM (Reuters) - Israel sinalizou descontentamento neste domingo com o reconhecimento pela Austrália de Jerusalém Ocidental como sua capital, com um confidente do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu dizendo que foi um erro negar o controle de Israel sobre toda a cidade.

O primeiro-ministro, por sua vez, permaneceu em silêncio sobre a decisão de Canberra em uma reunião semanal do gabinete israelense, que geralmente é sua oportunidade de se manifestar em público sobre importantes acontecimentos diplomáticos.

Israel capturou a árabe Jerusalém Oriental em uma guerra de 1967 e a anexou como sua capital em um movimento não reconhecido internacionalmente. Os palestinos querem Jerusalém Oriental como a capital do estado que esperam fundar na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza.

Um ano atrás, o presidente dos EUA, Donald Trump, gerou insatisfação entre os palestinos ao reconhecer Jerusalém como a capital israelense, uma designação que não reconheceu a reivindicação palestina sobre o lado oriental da cidade, embora tenha deixado aberta a questão de suas fronteiras finais.

No sábado, o primeiro-ministro australiano Scott Morrison disse que Camberra reconhece formalmente Jerusalém Ocidental como a capital de Israel, mas reafirmou o apoio de seu país a uma capital palestina em Jerusalém Oriental sob um acordo de paz de dois estados.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel respondeu timidamente, chamando o movimento australiano de "um passo na direção certa". Na reunião do gabinete no domingo, Netanyahu recusou-se a fazer mais comentários sobre o assunto.

"Nós emitimos uma declaração no Ministério das Relações Exteriores. Não tenho nada a acrescentar", disse ele a repórteres no início da reunião.

Tzachi Hanegbi, ministro israelense de cooperação regional e confidente de Netanyahu no partido de direita Likud, criticou abertamente a Austrália, embora tenha classificado o país como "um amigo profundo e íntimo de muitos anos".

"Para nosso pesar, dentro dessa notícia positiva eles cometeram um erro", disse Hanegbi a repórteres do lado de fora da sala do gabinete.

"Não há divisão entre o leste da cidade e o oeste da cidade. Jerusalém é uma só, unida. O controle de Israel sobre ela é eterno. Nossa soberania não será dividida nem enfraquecida. E esperamos que a Austrália encontre o caminho para consertar o erro que cometeu."

O movimento de Morrison surgiu pela primeira vez em outubro, quando foi visto cinicamente na Austrália porque aconteceu dias antes de uma eleição crucial em um eleitorado de forte representação judaica. Seu partido perdeu essa votação.

O negociador-chefe palestino, Saeb Erekat, disse que a medida de sábado nasceu da "pequena política doméstica australiana".

"Toda Jerusalém continua sendo uma questão de status final para as negociações, enquanto Jerusalém Oriental, sob a lei internacional, é parte integrante do território palestino ocupado", disse ele.

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