Por Crispian Balmer e Gavin Jones
ROMA (Reuters) - A Itália impôs nesta sexta-feira novas restrições severas à vida pública, num esforço cada vez mais desesperado para interromper as infecções por coronavírus, após mais 627 mortes em um único dia, de longe o maior aumento em 24 horas em qualquer país.
O prefeito da cidade mais afetada, Bergamo, na rica região norte da Lombardia, disse que o número real de mortes causadas pela pandemia em sua região era quatro vezes maior do que o relatado oficialmente até agora.
"Muitos idosos estão morrendo em suas casas ou nas casas para idosos, sem que ninguém os teste antes ou depois da morte", afirmou Giorgio Gori ao Huffington Post.
Gori acrescentou que uma dúzia de prefeitos de outras cidades confirmou a mesma coisa para ele.
Respondendo a pedidos dos governadores das regiões mais atingidas, o governo nacional em Roma disse que a partir de sábado todos os parques serão fechados e as pessoas só poderão se exercitar em suas casas.
"Temos que fazer ainda mais para conter as infecções. O comportamento correto de todos é essencial para vencer esta batalha", afirmou o ministro da Saúde, Roberto Speranza, após assinar a mais recente diretiva.
As autoridades ficaram frustradas nos últimos dias ao ver pessoas em movimento, apesar de seus apelos para permanência em ambientes fechados, a não ser em casos de necessidades absolutamente essenciais.
A determinação mais recente proíbe efetivamente passeios de bicicleta e corrida, os únicos tipos de exercícios ao ar livre que eram permitidos.
"Já temos muitas centenas de mortos. O que mais é necessário até que as pessoas entendam a tragédia que estamos enfrentando?", disse Sergio Venturi, chefe da equipe de resposta ao coronavírus em Emília-Romanha, outra região rica do norte atingida pelo vírus.
O número de mortos no país atingiu 4.032 pessoas. O país já havia superado a China na quinta-feira em número de mortes pela doença respiratória.
O número total de casos subiu na Itália para 47.021 ante número anterior de 41.035, informou a Agência de Proteção Civil.
"Talvez o pico não chegue na próxima semana, mas na semana seguinte", disse o chefe da agência, Angelo Borrelli, à rádio Rai.
A Lombardia, no epicentro da epidemia, disse que em breve cerca de 100 soldados serão enviados para ajudar a polícia local a impor o isolamento e pediu ao governo nacional que imponha novas medidas para garantir que os italianos fiquem em casa.
(Reportagem adicional de Cristiano Corvino, Angelo Amante, Elisa Anzolin em Milão, Stephen Jewkes e Riccardo Bastianello)