Por Suleiman Al-Khalidi
AMÃ (Reuters) - A Jordânia disse no sábado que qualquer medida de Israel para impor um novo deslocamento de palestinos levará a região ao "abismo" de um conflito regional mais amplo.
O ministro das Relações Exteriores, Ayman Safadi, também disse que o bloqueio da ajuda humanitária a Gaza por parte de Israel e o fato de seus residentes estarem sendo forçados a deixarem suas casas são uma violação "flagrante" da lei internacional.
Israel havia dado a toda a população do norte da Faixa de Gaza um prazo até a manhã de sábado para se deslocar para o sul, antes de uma ofensiva terrestre prevista para eliminar os militantes do Hamas.
Safadi disse que a campanha militar contra o Hamas está matando civis inocentes e trará desespero e destruição em seu rastro, sem garantir segurança para Israel.
"A guerra está matando e deslocando palestinos inocentes e deixará a região e o mundo enfrentando a repercussão de um ambiente de destruição e desespero que Israel criará em Gaza", disse Safadi em comentários após o encontro com seu colega canadense.
"Isso não trará segurança nem levará à paz", disse Safadi, na linguagem mais dura da Jordânia desde o início do conflito, que começou após um ataque transfronteiriço devastador do Hamas há uma semana.
A pressão de Israel para que toda a população deixe suas casas é uma "linha vermelha" que os árabes enfrentarão, disse Safadi.
"Isso levará a região ao inferno da guerra... temos que acabar com essa loucura", acrescentou.
A continuação da guerra também ameaça levar à sua disseminação em outras frentes, disse Safadi, acrescentando que "a violência gerará mais violência e destruição".
O rei Abdullah estava indo no sábado para a Europa em esforços diplomáticos intensos liderados pelo reino, que, segundo Safadi, têm como objetivo obter apoio para pôr fim à catástrofe humanitária iminente em Gaza e evitar uma conflagração mais ampla.
O monarca disse ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em Amã, na sexta-feira, que a prioridade é proteger os civis de ambos os lados e garantir que Israel permita a entrada de ajuda urgente em Gaza.
Safadi disse que o rei também enfatizou a recusa da Jordânia em aceitar o deslocamento dos palestinos de suas terras.
Amã, que perdeu a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, para Israel durante a guerra de 1967 no Oriente Médio, teme que o aumento da violência possa ter repercussões, com uma grande porcentagem da população da Jordânia composta por palestinos.