PEQUIM (Reuters) - A China usou medidas de prevenção do coronavírus, intimidação e restrições de vistos para limitar reportagens estrangeiras em 2020, abrindo espaço para um "declínio rápido da liberdade de imprensa", disse o Clube de Correspondentes Estrangeiros da China (FCCC) nesta segunda-feira.
Pelo terceiro ano consecutivo, nenhum jornalista disse ao grupo que as condições de trabalho melhoraram, disse o FCCC em um relatório anual baseado em 150 respostas a uma pesquisa com correspondentes e entrevistas com chefes de redação.
"Todos os ramos do poder estatal --incluindo sistemas de vigilância adotados para conter o coronavírus-- foram usados para assediar e intimidar jornalistas, seus colegas chineses e aqueles que a imprensa estrangeira tentou entrevistar", disse a entidade.
Autoridades citaram preocupações de saúde pública para negar acesso dos repórteres a áreas sensíveis e ameaçaram sujeitá-los a uma quarentena, acrescentou. Restrições de vistos também foram usadas para pressionar a mídia.
Ao menos 13 correspondentes receberam credenciais de imprensa para seis meses ou menos, disse o FCCC. Normalmente, repórteres estrangeiros radicados na China recebem vistos de um ano e precisam renová-los anualmente.
Jornalistas também foram usados como "peões" em disputas diplomáticas da China, disse a entidade.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, disse nesta segunda-feira que as afirmações do relatório são "infundadas".
A China expulsou mais de uma dúzia de jornalistas estrangeiros de organizações de mídia dos Estados Unidos em 2020 em meio a uma série de ações retaliatórias entre os dois países.
Alguns jornalistas da Reuters são membros do Clube de Correspondentes Estrangeiros da China.
(Por Gabriel Crossley e Yew Lun Tian)