Por Jan Wolfe e Ginger Gibson
WASHINGTON (Reuters) - Um juiz dos Estados Unidos criticou duramente nesta terça-feira Michael Flynn, ex-assessor de segurança nacional do presidente Donald Trump, por mentir para agentes do FBI e adiou o anúncio da sentença dele para assegurar que coopere totalmente com a investigação sobre um possível conluio entre a campanha de Trump de 2016 e a Rússia.
Durante a audiência de sentença, o juiz Emmet Sullivan disse ao general da reserva que ele “provavelmente” havia vendido o país dele. Flynn se declarou culpado em dezembro de 2017 de mentir para agentes do FBI sobre as suas conversas com Sergei Kislyak, o então embaixador russo em Washintgon.
Robert Mueller, procurador especial que lidera a investigação, havia pedido ao juiz para não condenar Flynn à prisão, pois o ex-assessor já havia cooperado de forma “substancial” com os promotores durante várias entrevistas.
Contudo, Sullivan disse a Flynn que o comportamento dele havia sido abominável, notando que ele também havia mentido para autoridades da Casa Branca, que então mentiram para o público.
“Provavelmente, você vendeu o seu país”, disse Sullivan. “Eu não estou escondendo o meu desgosto, o meu desdém por essa ofensa criminal.”
O juiz também lembrou que Flynn operava como um lobista não declarado para a Turquia, mesmo enquanto trabalhava para a campanha de Trump e se preparava para ser o seu assessor de segurança nacional.
Em determinado momento, o juiz perguntou aos promotores se Flynn poderia ser acusado de traição, mas mais tarde disse que não havia sugerido tal acusação.
Sullivan parecia pronto para condenar Flynn à prisão, mas lhe deu a opção de um adiamento da sentença para que ele pudesse cooperar totalmente com as investigações pendentes. Flynn aceitou a oferta.
O juiz não estabeleceu uma nova data para a sentença, mas pediu à equipe de Mueller e ao advogado de Flynn para fazer um relatório até 13 de março.
Também nesta terça, Bijan Rafiekian, ex-sócio de Flynn, se declarou inocente numa corte federal de Alexandria, em Virginia, depois de ser acusado por promotores dos Estados Unidos de lobby não registrado para a Turquia.
Promotores disseram que o lobby tinha o objetivo de levar os EUA a extraditar um clérigo muçulmano que mora no país e é acusado pelo governo turco de apoiar uma tentativa de golpe em 2016. O julgamento está marcado para 11 de fevereiro.
Flynn deve depor no caso.
Flynn foi um assessor importante da campanha eleitoral de Trump e, na convenção republicana de 2016, puxou gritos pela prisão da candidata democrata, Hillary Clinton. Ele se tornou assessor de segurança nacional quando Trump assumiu a Casa Branca em janeiro de 2017, mas permaneceu somente 24 dias no cargo.
O ex-assessor disse a investigadores do FBI em 24 de janeiro de 2017 que ele não havia conversado com Kislyak sobre as sanções norte-americanas contra a Rússia impostas pelo ex-presidente Barack Obama, quando ele de fato havia discutido, segundo o acordo judicial que firmou.