Por Dan Levine
BIG SKY, Montana (Reuters) - A juíza liberal, Elena Kagan, que integra a Suprema Corte dos Estados Unidos, afirmou nesta quinta-feira que seria "algo perigoso para a democracia" se a maioria conservadora do tribunal perdesse a confiança do público norte-americano.
Falando em público pela primeira vez desde que a corte reverteu no mês passado a histórica decisão Roe vs. Wade que permitia o aborto no país todo, Kagan ressaltou a importância de que os juízes se mantenham em seus locais apropriados, como juízes, e não ditem políticas públicas.
"Não estou falando sobre qualquer decisão específica, ou mesmo até séries específicas de decisões, mas se ao longo do tempo a corte perder toda a conexão com o público, e com o sentimento do público, isso é algo perigoso para a democracia", afirmou Kagan em uma conferência jurídica em Montana.
O tribunal, que é a mais alta instância da Justiça norte-americana, tem uma maioria conservadora de 6 membros contra 3 e exerceu de maneira ousada seu poder na decisão sobre o aborto, além de outros casos.
"De maneira geral, o jeito que a corte mantém sua legitimidade e consegue a confiança do povo, é fazendo coisas que não parecem políticas ou partidárias para as pessoas", acrescentou Kagan, que integra o tribunal desde 2010.
Kagan, que teve uma opinião dissidente na decisão sobre o aborto ao lado de dois outros magistrados liberais, acrescentou que a corte "ganha sua legitimidade pelo que faz, pela maneira como se comporta".
(Reportagem de Dane Levine; reportagem adicional de Lawrence Hurley)