Daqui a menos de 2 meses, milhões de norte-americanos vão às urnas para escolher o novo presidente do país. Neste ano, cerca de 240 milhões estão aptos a votar –lá, o voto não é obrigatório.
Os Estados Unidos tem um sistema eleitoral diferente. Ao contrário de outros países, não vence necessariamente o candidato com o maior número total de votos, mas sim o que conquistar a maior quantidade de delegados.
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Para entender os desafios que Kamala Harris (democrata) e Donald Trump (republicano) enfrentarão em novembro, é necessário esclarecer alguns pontos:
- cada Estado norte-americano tem uma quantidade de delegados, calculados proporcionalmente à sua população e representação na Câmara e Senado;
- para vencer a eleição, são necessários ao menos 270 dos 538 delegados em jogo
- dos 50 Estados norte-americanos, em 48 (e no Distrito de Colúmbia) o candidato com o maior número de votos leva todos os delegados do Colégio Eleitoral da região. Em Maine e Nebraska são divididos proporcionalmente ao número de votos.
No entanto, as chaves da Casa Branca podem ser definidas por 7 Estados, os chamados “swing States”, ou Estados-pêndulo.
O termo se refere às regiões nas quais os eleitores ora votam nos republicanos, ora nos democratas. Ou seja, não há uma fidelidade partidária clara. É diferente de Estados historicamente alinhados, como a Califórnia, que vota em um democrata desde 1992, ou o Alabama, onde os votos vão para ao Partido Republicano há 44 anos.
Também são onde os candidatos à Casa Branca focam suas campanhas a fim de conquistar votos de eleitores divididos. Os “swing States” variam de acordo com cada eleição.
Médias feitas pelo agregador de pesquisas do Real Clear Politics na noite de domingo (16.set.2024) mostram a democrata numericamente à frente em 4 dos 7 “swing States” (Nevada, Michigan, Wisconsin e Pensilvânia). Trump se sai melhor em Arizona, Geórgia e Carolina do Norte. Mas a diferença entre os 2 é tão pequena que situação é de empate técnico em todos.
Não existe uma definição exata sobre os critérios que identificam um “swing State” e, muitas vezes, especialistas discordam sobre quais territórios podem ser definidos dessa forma. No entanto, alguns pontos são considerados para a definição. São eles:
- análise do histórico eleitoral: se o Estado elegeu um democrata em um pleito e um republicano em outro nos últimos anos;
- se os votos foram muito acirrados e o candidato vencedor no território ganhou por uma margem pequena;
- pesquisas de opinião e de intenção de voto que indicam um apoio semelhante dos eleitores aos partidos Democrata e Republicano.
O Arizona, por exemplo, se encaixa no 2º ponto. Em 2020, Biden conquistou os delegados da região por uma pequena margem (10.457 votos). Foi a 1º vez desde 1996 que o Estado optou por um presidente democrata.
Na Geórgia, foi semelhante. Biden ganhou por pouco. Mas, outro ponto chama atenção nas eleições deste ano: um terço da população do Estado é composta por afro-americanos (uma das maiores proporções de moradores negros dos EUA). Em 2020, esse grupo ajudou o atual presidente a se eleger.
A aprovação de Biden, porém, caiu esse grupo. A desistência do democrata e a ascensão de Kamala Harris –que, caso seja eleita, será a 1ª mulher negra a comandar o país–, pode assegurar novamente o apoio aos democratas no Estado.
Em Michigan também está tudo em aberto. O Estado foi um dos “responsáveis” por eleger os 2 últimos presidentes (Trump em 2016 e Biden em 2020). Porém, o apoio do democrata a Israel pode dificultar o cenário para Kamala Harris –que também adota o mesmo discurso em relação à guerra na Faixa de Gaza.
Michigan tem a maior proporção de árabes-americanos dos Estados Unidos. A conduta dos democrata em relação aos palestinos pode fazer com que os eleitores do Estado optem por Donald Trump desta vez.
Nevada votou em democratas nas últimas eleições. No entanto, pesquisas recentes mostram Kamala e Trump com pequenas diferenças na preferência eleitoral no Estado.
Levantamento da Fox News mostra a democrata com 50% dos votos contra 48% do republicano. Os 2 estão empatados dentro da margem de erro da pesquisa, de 3 pontos percentuais.