Por Jarrett Renshaw e Nandita Bose
WASHINGTON (Reuters) - A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata à Casa Branca, Kamala Harris, irá na próxima semana realçar suas políticas para homens negros, na esperança de atrair uma parcela do eleitorado que, segundo alguns conselheiros, abraçaram o seu rival republicano, Donald Trump, disseram fontes próximas ao plano.
A mudança de foco coincidirá com um evento em Detroit na terça-feira, onde Kamala será entrevistada por Charlamagne tha God, personagem conhecido das rádios negras populares e que foi um crítico do governo de Joe Biden, disseram as fontes.
Kamala vai discutir o acesso a recursos para empresários negros, formas de ajudar pequenos negócios e soluções para a moradia, mas não abordará o tema da justiça racial, afirmaram as fontes. As políticas serão derivadas de seu plano econômico mais amplo, focalizado em diminuir os custos e ajudar a classe média, afirmaram.
Caso seja eleita, Kamala será a segunda representante da comunidade negra a chegar à Presidência, sendo a primeira mulher. Alguns democratas veem o apoio tímido da vice-presidente aos homens negros como uma grande preocupação para a eleição. Outros acham que o grupo está sendo usado como um bode expiatório de outras debilidades da campanha.
Mais de um quarto dos jovens negros afirmam que votarão em Trump, mostrou uma pesquisa da NAACP em setembro. O atual presidente, Joe Biden, ficou com cerca de 80% dos votos negros em 2020.
A equipe de campanha de Trump afirmou que tem visado os eleitores negros nos Estados decisivos, associando-se a rappers negros, bem como através de eventos comunitários e mesas redondas de pequenas empresas na Pensilvânia, Geórgia e Nevada.
Trump também tem cortejado os eleitores negros, afirmando que eles estão perdendo empregos para os imigrantes que atravessam a fronteira.
Na quinta-feira, o ex-presidente Barack Obama criticou duramente os homens negros, que estariam "inventando todos os tipos de razões e desculpas" para não apoiarem Kamala.
"Parte disso me faz pensar — e estou falando diretamente com os homens — parte disso me faz pensar que, bem, vocês simplesmente não estão curtindo a ideia de ter uma mulher como presidente e estão inventando outras alternativas e outras razões para isso", disse Obama.
Alguns membros da comunidade negra ficaram ofendidos com os comentários de Obama.
“Os homens negros e as mulheres negras não votam de forma muito diferente, é errado destacar os homens negros quando estes são o bloco de votantes masculinos mais leais aos democratas”, afirmou Nina Turner, membro sênior do Instituto sobre Raça, Poder e Economia Política, na plataforma de redes sociais X.