DUBAI (Reuters) - O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse nesta segunda-feira que seu país pode enriquecer urânio a uma pureza de 60% se precisar e que nunca cederá à pressão dos Estados Unidos sobre suas atividades nucleares, noticiou a televisão estatal.
O acordo nuclear de 2015 do Irã com seis potências, que a República Islâmica deixou de respeitar após os EUA se desvincularam do pacto em 2018 e voltarem a impor sanções ao país, limita a pureza físsil com que Teerã pode refinar urânio a 3,67%, bem abaixo dos 20% obtidos antes do acordo e muito inferior aos 90% adequados a uma arma nuclear.
"O nível de enriquecimento de urânio do Irã não será limitado a 20%. Nós o elevaremos a qualquer nível que o país precise... podemos elevá-lo a 60%", disse Khamenei, segundo a TV, aumentando a aposta em meio a um impasse com o governo do presidente norte-americano, Joe Biden, quanto ao futuro do pacto, abandonado pelo antecessor de Biden, Donald Trump.
"As partes americanas e europeias do acordo usam uma linguagem injusta contra o Irã...o Irã não cederá à pressão. Nossa postura não mudará", afirmou Khamenei.
Na semana passada, o governo Biden disse estar pronto para conversar com o Irã sobre o retorno das duas nações ao acordo.
O Irã, que voltou a enriquecer a 20% como tentativa aparente de pressionar os EUA, não se entende com Washington quanto a qual lado deveria dar o primeiro passo para ressuscitar o acordo.
(Reportagem adicional de Stephanie Nebehay em Genebra)