Por Parisa Hafezi
DUBAI (Reuters) - O principal líder iraniano, aiatolá Ali Khamenei, substituiu o chefe da influente Guarda Revolucionária do Irã, informou a TV estatal neste domingo, dias depois que os Estados Unidos designaram o grupo de elite como uma organização terrorista estrangeira.
A emissora de TV não deu uma razão para a mudança quando anunciou a nomeação do Brigadeiro General Hossein Salami para o cargo e sua promoção para a patente de Major General. Ele foi vice-comandante da Guarda durante anos e é conhecido por seus comentários duros contra Israel e os Estados Unidos.
"O Líder Supremo nomeou Salami como o novo comandante chefe da Guarda, que substituirá Mohammad Ali Jafari", afirmou a TV estatal.
O major-general Jafari ocupava o cargo desde setembro de 2007.
O presidente norte-americano Donald Trump designou os Guardas como uma organização terrorista em 8 de abril, em um passo sem precedentes que provocou a condenação iraniana e levantou preocupações sobre ataques de retaliação contra forças dos EUA. A designação entrou em vigor no dia 15 de abril.
Teerã retaliou denominando o Comando Central dos Estados Unidos (Centcom) como uma organização terrorista e o governo dos EUA como patrocinador do terrorismo.
Em 13 de abril, Salami foi citado pela agência semi-oficial iraniana de notícias Tasnim como tendo dito que ele e a Guarda Revolucionária estavam orgulhosos de serem designados como grupos terroristas por Washington.
HISTÓRIA
A Guarda Revolucionária (IRGC, na sigla em inglês) foi criada pelo falecido aiatolá Ruhollah Khomeini durante a Revolução Islâmica de 1979 e é mais que uma força militar. Ela é também um império industrial com grande influência política e leal ao líder supremo.
Composta por um exército estimado em 125.000 militares incluindo forças terrestres, navais e aéreas, a Guarda também comanda o Basij, uma força paramilitar voluntária religiosa, e controla os programas de mísseis do Irã.
Além disso, a Guarda comanda as forças Quds no exterior, que lutaram em nome do Irã em conflitos na região.
A Guarda também é responsável pelos programas iranianos para desenvolvimento de mísseis balísticos e nucleares. Teerã afirma que possui mísseis com alcance de até 2.000 quilômetros, o que coloca bases militares israelenses e norte-americanas na região ao seu alcance.
Salami, nascido em 1960, disse em janeiro que a estratégia do Irã era eliminar "o regime sionista" (Israel) do mapa político, segundo a TV estatal iraniana.
"Anunciamos que se Israel tomar qualquer ação para travar uma guerra contra nós, isso definitivamente levará à sua própria eliminação", disse Salami após um ataque israelense a alvos iranianos na Síria em janeiro, segundo notícias na mídia iraniana.
Israel vê os programas nucleares e de mísseis balísticos do Irã como uma ameaça à sua existência. O Irã afirma que seu trabalho nuclear é apenas para fins pacíficos.
Israel, que o Irã islâmico se recusa a reconhecer, tem apoiado o movimento de Trump de sair de um acordo internacional fechado com o Irã em 2015 do Irã em torno de seu programa nuclear, além de ter celebrado a reimposição por Washington de sanções contra Teerã.