MOSCOU (Reuters) - A Rússia se considera em guerra devido à intervenção do Ocidente ao lado da Ucrânia e não pode permitir a existência de um Estado em suas fronteiras que se mostrou pronto a usar qualquer método para assumir o controle da Crimeia, disse o Kremlin nesta sexta-feira.
Os comentários do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, para a publicação russa "Argumenty i Fakty", alguns dos mais agressivos sobre a Ucrânia até o momento, foram feitos após um ataque russo em grande escala durante a noite contra a infraestrutura de energia ucraniana.
"Estamos em um estado de guerra. Sim, isso começou como uma operação militar especial, mas assim que esse grupo foi formado, quando o Ocidente coletivo se tornou participante disso ao lado da Ucrânia, isso se tornou uma guerra para nós", disse Peskov.
"Estou convencido disso. E todos devem entender isso, para sua motivação interna."
As autoridades russas, do presidente Vladimir Putin para baixo, começaram gradualmente a usar a palavra "guerra" de vez em quando, depois de terem insistido por muito tempo que o termo fosse evitado.
Peskov disse também que a Rússia deve "liberar" totalmente suas "novas regiões" para garantir a segurança das pessoas nelas, uma referência às quatro regiões ucranianas que a Rússia alegou ter anexado em 2022.
Kiev afirma que a anexação da Rússia foi uma apropriação ilegal de terras e que não descansará até que todos os soldados russos sejam expulsos de seu solo. Também está determinada a recuperar a península da Crimeia, no Mar Negro, que a Rússia lhe tomou em 2014.
Moscou, que investiu pesadamente na Crimeia, diz que a península faz parte da Rússia e que seu status foi resolvido de uma vez por todas.
(Reportagem da Reuters)