Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira, engatando o terceiro pregão seguido no vermelho, reflexo de cautela e movimentos de realização de lucros diante de um ambiente externo sensível a questões comerciais, além de ruídos domésticos.
Índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa caiu 1,27%, a 96.429,60 pontos, mínima desde o 5 de junho. O giro financeiro da sessão somou 14,4 bilhões de reais.
Em agosto, o Ibovespa já acumula queda de 5,3%, caminhando para a primeira perda mensal em cinco meses.
"O mau humor na bolsa vem se sustentando", disse o estrategista Odair Abate, da Panamby Capital, atribuindo as vendas fatores como a retórica dos Estados Unidos e da China em meio ao embate comercial entre os dois países.
O cenário político na Argentina e mesmo a repercussão global das queimadas na Amazônia corroboraram o clima mais pesado nos negócios, em um momento no qual os agentes estrangeiros seguem na defensiva na bolsa paulista, com o saldo de capital externo no mês negativo em quase 11 bilhões de reais.
O noticiário doméstico trouxe pesquisa CNT/MDA, que mostrou piora na avaliação positiva do governo do presidente Jair Bolsonaro, para 29,4%, ante 38,9% na pesquisa anterior. O percentual dos que desaprovam o desempenho pessoal saltou de 28,2% para 53,7%.
"A bolsa brasileira continua mostrando muita cautela com investidores buscando defesa na compra de dólar ou preferindo realizar lucros nas ações", acrescentou o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos. Até final de julho, o Ibovespa acumulava ganho de 15,8% em 2019.
O dólar fechou em alta de 0,37%, a 4,1396 reais, maior cotação desde setembro de 2018.
DESTAQUES
- MRV (SA:MRVE3) caiu 5,77%, ajustando pelo segundo pregão seguido, após valorização recente na esteira do anúncio pela Caixa Econômica Federal de nova linha de financiamento imobiliário vinculada ao IPCA. CYRELA cedeu 2,94%.
- B3 perdeu 3,49%, engatando a terceira sessão negativa, após fechar perto da máxima histórica na última quarta-feira, tendo acumulado até então alta de 8,6% em agosto.
- VIA VAREJO recuou 4,57%, dando continuidade ao ajuste em agosto após valorização de mais de 50% em julho apoiada em expectativas com a mudança no comando da companhia.
- CIELO avançou 0,83%, entre as poucas altas do Ibovespa, tendo de pano de fundo anúncio do Cielo (SA:CIEL3) Pay, sistema para transações financeiras por meio de contas de pagamentos, num modelo similar ao de fintechs que vêm crescendo velozmente no país.
- VALE (SA:VALE3) teve queda de 1,11%, tendo no radar baixa dos preços do minério na China, com papéis de outras mineradoras e siderúrgicas também em ajuste negativo, como CSN (SA:CSNA3), em desvalorização de 0,66%.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) teve decréscimo de 1,32%, conforme o petróleo piorou no exterior. No noticiário envolvendo a companhia, a Reuters publicoue que o grupo formado por Itaúsa, Copagaz e Nacional Gás Butano apresentou a melhor oferta vinculante para aquisição de sua fatia na Liquigás.
- ITAÚ UNIBANCO PN e BRADESCO PN (SA:BBDC4) caíram 0,03% e 1,03%, respectivamente. BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) cedeu 0,47%.
- BTG PACTUAL (SA:BPAC11) UNITS despencou 18,48%, no segundo pregão de fortes perdas, após reportagem de que a instituição estaria envolvida em esquema de lavagem de dinheiro. O banco negou em comunicado qualquer irregularidade. Na sexta-feira, as units já tinham caído 15,2%, após operação da Polícia Federal de busca e apreensão em escritórios do banco e na casa de seu fundador, no âmbito da operação Lava Jato. Os ajustes vêm após as units acumularem alta de quase 200% em 2019.