Por Antonio De la Jara e Dave Sherwood
SANTIAGO (Reuters) - Milhares de chilenos e paroquianos de países vizinhos esperam acompanhar com júbilo a visita do papa Francisco ao Chile na próxima semana, mas laicos, comunidades indígenas e até um grupo de católicos planejem manifestações contra o pontífice em cada cidade de sua passagem pelo país.
Um grupo de fiéis que acusa um bispo nomeado por Francisco de proteger um sacerdote pedófilo prepara atos de rejeição ao papa em sua chegada a Santiago, na segunda-feira.
Em 2015, o sumo pontífice nomeou Juan Barros como bispo da cidade de Osorno. A nomeação indignou muitos católicos e vítimas que veem Barros como um dos protetores de Fernando Karadima, poderoso sacerdote acusado de reiterados abusos sexuais contra menores.
Críticos no Chile dizem que Barros possuía conhecimento e ajudou a encobrir os atos de Karadima, que foi mentor de vários jovens sacerdotes, incluindo o bispo de Osorno. Barros negou as acusações.
Juan Carlos Claret, porta-voz de um grupo de fiéis de Osorno, disse à Reuters que, apesar de sua insistência, representantes do Vaticano se negaram a organizar uma reunião com o papa durante sua passagem pelo Chile.
“Acreditamos que as vítimas de abuso sexual foram marginalizadas pela Igreja... e temos a intenção de manter vivo o problema”, disse Claret.
É provável que as manifestações do grupo, programadas para coincidir com aparições públicas de Francisco em Santiago, ofusquem a visita, já questionada por muitos chilenos que veem nestes tipos de casos feridas abertas perante uma sensação de impunidade.
O sumo pontífice, que nasceu na Argentina e viveu parte de sua juventude no Chile, defendeu Barros e aumentou as tensões quando há três anos pediu para a cidade de Osorno pensar “com a cabeça”.