LONDRES (Reuters) - O presidente do Parlamento do Reino Unido repreendeu o governo do primeiro-ministro, Boris Johnson, nesta quarta-feira por ignorar a Câmara dos Comuns em suas medidas contra a Covid-19, pedindo aos ministros que consultem mais os parlamentares em suas decisões.
Mas Lindsay Hoyle decidiu não dar aos parlamentares a chance de analisar uma assim chamada emenda para uma votação sobre a prorrogação de leis de emergência para impor restrições, o que teria garantido um papel maior ao Parlamento.
Vários parlamentares do Partido Conservador do próprio Johnson ameaçaram se rebelar contra o governo por causa da renovação da Lei do Coronavírus, que segundo alguns lhe permitiu administrar de maneira impositiva e privar as pessoas de suas liberdades civis.
"A maneira como o governo exerce seus poderes para decidir legislações secundárias durante esta crise é totalmente insatisfatória", disse Hoyle ao Parlamento, acrescentando que algumas explicações do governo sobre a razão de ter driblado o Parlamento mostraram um "desrespeito total" pelos parlamentares.
"O governo deve fazer esforços maiores para preparar medidas mais rapidamente para que esta Câmara possa debater e decidir as medidas mais significativas na ocasião mais próxima possível".
Uma rebelião minaria a autoridade de Johnson, e ministros vêm tentando desarmar qualquer revolta prometendo ao Parlamento envolvê-lo mais.
Um porta-voz do premiê disse que o governo está "analisando novas maneiras de envolver o Parlamento no processo com antecedência... acho, ao mesmo tempo, que continua sendo vital podermos agir rapidamente para impedir que o vírus se dissemine".
O ministro da Saúde, Matt Hancock, falará ao Parlamento mais tarde, quando delineará os planos governamentais.
Hoyle disse que se solidariza com as preocupações dos parlamentares, mas que não poderia permitir que o Parlamento votasse uma emenda do veterano conservador Graham Brady que teria obrigado o governo a obter aprovação parlamentar antes de qualquer restrição nacional adicional ser imposta.
"Agora espero que o governo reconstrua a confiança com esta Câmara e não a ameace com o desprezo que mostrou", disse.
(Por William James)
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES