MOSCOU (Reuters) - O líder de Belarus, Alexander Lukashenko, disse nesta sexta-feira que deixará o posto assim que uma nova Constituição for adotada e propôs reduzir os poderes presidenciais como parte das reformas, sem estabelecer, no entanto, um cronograma para tais medidas.
Lukashenko, que enfrenta protestos em massa por sua renúncia desde a eleição presidencial de 9 de agosto, fez o comentário um dia após conselho do ministro russo das Relações Exteriores que siga com as reformas constitucionais para desarmar a crise.
"Não trabalharei como presidente com vocês sob uma nova Constituição", disse Lukashenko, segundo a agência de notícias Belta.
Ele disse que a Constituição atual precisa ser reformulada porque há muito poder concentrado nas mãos do presidente e que haveria "problema" se ele entregasse as rédeas agora.
A fala do líder ocorreu em um hospital para pessoas acometidas pelo coronavírus, onde conversou com pacientes usando uma máscara branca e traje anticontaminação, mas sem luvas.
Aliada crucial, a Rússia apoiou publicamente a intenção declarada de Lukashenko de reformar a Constituição, mas nenhuma proposta se materializou, e o impasse político entre o líder e seus oponentes se arrasta.
Manifestantes minimizaram as promessas de reforma por vê-las como uma tática de procrastinação.
O chanceler russo, Sergei Lavrov, aconselhou Lukashenko na quinta-feira a honrar a promessa de realizar reformas, assim como outros acordos não especificados com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em uma cúpula em setembro.
As ações de Lukashenko têm sido observadas atentamente em busca de pistas do que Moscou, cujo apoio político é vital para se manter no poder, o induz a fazer.
(Por Polina Devitt; reportagem adicional de Alexander Marrow)