HELSINQUE (Reuters) - O presidente do Parlamento finlandês, Jussi Halla-aho, disse neste sábado, antes de um congresso do Partido dos Finlandeses, que a nação deveria deixar a União Europeia no longo prazo, mas que a invasão russa na Ucrânia significa que a unidade do continente é prioridade neste momento. Autor da política do “Fixit”, que pede desde 2019 a saída da Finlândia do bloco, o político de extrema direita deve ser escolhido durante o congresso como candidato da sua legenda nas eleições presidenciais de janeiro de 2024. De acordo com as pesquisas de opinião, o líder de extrema direita teria dificuldade de vencer se as eleições fossem hoje, mas suas visões são populares na legenda, que faz parte da coalizão de direita que governa o país desde junho. “É justificável querer deixar a União Europeia no longo prazo, mas ao mesmo tempo, claro, reconhecemos que, na atual situação mundial, uma Europa Ocidental fragmentada seria muito mais fraca contra a ameaça de países totalitários”, afirmou. Ele alega que a União Europeia possui um “déficit democrático”, por limitar a soberania dos países. A legenda de extrema direita apoiou a entrada da Finlândia, ocorrida neste ano, na Otan (Aliança do Tratado do Atlântico Norte). O apoio a populismos de direita está em alta em algumas nações europeias, e o aumento do custo de vida provocou um descontentamento com o estabilishment político. Tais grupos também criticam os custos da transição para uma economia verde. Até o momento, as legendas de extrema direita ocupam em sua maioria papéis minoritários dentro das coalizões, mas suas agendas empurraram políticos de centro para a direita. Contudo, o Partido dos Finlandeses também teve derrotas recentemente. O ministro da Economia, Vilhelm Junnila, foi obrigado a renunciar após fazer comentários considerados nazistas. A presidente do partido e ministra das Finanças, Riikka Purra, precisou pedir desculpas por ter escrito anonimamente comentários online com ofensas racistas. Halla-aho transformou as críticas à imigração como principal foco do partido enquanto o liderou, de 2017 a 2021, mas nega ser racista. A legenda considera que a chegada de pessoas de algumas partes do mundo é “prejudicial à Finlândia”, sem especificar quais regiões. “Se alguém pensa que isso é racismo, então pode nos chamar de racistas, mas não é assim que eu defino racismo”, afirmou. (Reportagem de Anne Kauranen em Helsinque)