Por Estelle Shirbon
LONDRES (Reuters) - A rainha Elizabeth se uniu ao primeiro escalão do Exército e a familiares de soldados britânicos mortos no Afeganistão em uma cerimônia de comemoração na Catedral de St. Paul, em Londres, nesta sexta-feira, para marcar o final dos 13 anos de operações militares britânicas no país do Oriente Médio.
Também presente à congregação estava Tony Blair, ex-primeiro-ministro que em 2001 levou a Grã-Bretanha a entrar na coalizão liderada pelos Estados Unidos que invadiu o Afeganistão e derrubou o governo do Taliban em reação aos ataques de 11 de Setembro contra Nova York e Washington.
A Grã-Bretanha perdeu 453 efetivos de ambos os sexos dos 140 mil que serviram no Afeganistão. As últimas tropas de combate partiram em outubro do ano passado, deixando somente cerca de 500 treinadores e conselheiros para auxiliarem as forças de segurança afegãs.
O governo afirma que a longa guerra impediu que o Afeganistão fosse usado como santuário para militantes planejarem ataques em solo britânico, e que o Afeganistão é mais seguro e próspero agora.
Entretanto, a guerra continua sendo polêmica aos olhos de alguns britânicos, que dizem que seus objetivos não foram devidamente esclarecidos e que a Grã-Bretanha pagou um preço alto demais pelo que foi obtido.
Mas não houve sinal de discórdia na cerimônia na catedral, à qual compareceram não somente a rainha mas figuras de destaque da realeza, como seu neto, o príncipe Harry, que serviu duas vezes no Afeganistão.
O atual premiê, David Cameron, também marcou presença, e entre aqueles que leram preces estava Kerry Ashworth, cujo filho, James, morreu lutando no Afeganistão em 2012 e que recebeu postumamente a Cruz Victoria, a mais alta honraria militar britânica e raramente concedida, por sua bravura.
Durante o serviço, o arcebispo da Cantuária, líder espiritual da Igreja da Inglaterra, abençoou uma cruz feita de cartuchos de bala que anteriormente adornou a parede de um memorial em Camp Bastion, principal concentração de militares britânicos no Afeganistão.
David Coulter, capelão que esteve em Camp Bastion durante a guerra, relembrou outras cerimônias ocorridas ali diante da cruz, feita por um grupo de soldados.
"As cerimônias neste memorial sempre foram pungentes, emotivas e sinceras. Nestes momentos, no silêncio e nas palavras, Deus se fez presente e os corações atormentados lutaram com perguntas sem respostas fáceis", disse. 2015-03-13T144244Z_1006940001_LYNXMPEB2C0P0_RTROPTP_1_MUNDO-GRABRETANHA-AFEGANISTAO-FIM.JPG