Por Ulf Laessing
TUNIS (Reuters) - Líderes árabes passaram por cima de longas rivalidades regionais neste domingo para condenar uma iniciativa dos Estados Unidos de reconhecer a soberania de Israel sobre as Colinas Sírias de Golã e afirmaram que a estabilidade no Oriente Médio depende da criação de um Estado palestino.
Líderes árabes, que participam de uma reunião na capital da Tunísia, têm lutado com divisões regionais pela influência do Irã no Oriente Médio, uma disputa no Golfo Árabe, pressão internacional sobre a guerra no Iêmen e conflitos na Algéria e Sudão.
Mas eles encontraram uma razão para se unir contra a decisão do presidente Donald Trump de assinar uma proclamação na semana passada reconhecendo as Colinas de Golã como parte de Israel, que anexou a área em 1981 após capturá-la da Síria em 1967.
Isso acompanha uma medida norte-americana de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, uma decisão que também provocou a condenação árabe. Os palestinos querem Jerusalém Oriental como a capital de um futuro Estado na Cisjordânia e em Gaza.
O rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdulaziz, disse a monarcas árabes, presidentes e primeiros-ministros no início da cúpula que seu país "rejeita totalmente" quaisquer medidas que afetem a soberania da Síria sobre as Colinas de Golã.
Suas declarações ecoaram as de altas autoridades árabes antes da cúpula deste domingo da Liga Árabe, que geralmente termina com uma declaração final acordada pelos 22 países membros.
O presidente da Tunísia, Beji Caid Essebsi, disse que os líderes árabes também precisam garantir que a comunidade internacional entenda a importância da causa palestina para as nações árabes.
A estabilidade regional e internacional deve vir através de "um acordo justo e abrangente que inclua os direitos do povo palestino e leve ao estabelecimento de um Estado palestino tendo Jerusalém como sua capital", disse Essebsi.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que discursou na reunião em Túnis, disse que qualquer resolução para o conflito sírio deve garantir a integridade territorial da Síria "incluindo as colinas ocupadas de Golã".