Por Gabriela Baczynska e Richard Lough
BRUXELAS (Reuters) - Líderes da União Europeia concordaram nesta terça em nomear a francesa Christine Lagarde como a nova presidente do Banco Central Europeu e fecharam um acordo para mais quatro importantes cargos depois de uma maratona de negociações que expôs divisões profundas no bloco.
Houve momentos em que a cúpula de três dias de negociações pareceu próxima do colapso, mas terminou com um acordo que agora precisa ser aprovado pelo Parlamento Europeu.
"Feito!", disse no Twitter o primeiro-ministro de Luxemburgo, Xavier Bettel, que foi o primeiro a informar que os líderes finalmente haviam chegado a um acordo.
Líderes esperam que a decisão de nomear duas mulheres, Lagarde e a ministra da Defesa alemã, Ursula von der Leyen, para o topo das tomadas decisão da UE pela primeira vez irá mandar uma mensagem positiva e reparar os danos causados por uma cúpula divisiva, disseram diplomatas.
As discordâncias ecoaram uma fragmentação ainda mais ampla do centro político da UE que já estava evidente nas eleições para o Parlamento Europeu em maio, que resultaram em uma assembleia mais dividida na qual nenhum bloco conseguiu a maioria e grupos de extrema-direita e extrema-esquerda apareceram com força.
Com o acordo, Von der Leyen, uma aliada próxima da chanceler alemã, Angela Merkel, substituirá Jean-Claude Juncker como presidente da Comissão Europeia, o braço executivo da UE.
"No final das contas, a Europa é uma mulher", disse Donald Tusk, o diretor de cúpulas da UE que cumpre o final de seu mandato, em referência à figura da mitologia grega Europa, que batiza o continente.
Lagarde, que já foi a primeira mulher ministra das Finanças da França, e desde 2011 comanda o Fundo Monetário Internacional (FMI), é uma forte defensora do empoderamento feminino, embora ela não tenha experiência direta ou ativa em política monetária.
A maior tarefa para Lagarde, que havia negado anteriormente qualquer interesse em um cargo na UE, será reviver a economia da zona do euro.
Von der Leyen, se aprovada, comandará a poderosa Comissão, que supervisiona os orçamentos dos Estados da UE, atua como reguladora do bloco e conduz negociações comerciais com países de fora do grupo. Sua presidência será responsável pela formação de políticas para as 500 milhões de pessoas do maior bloco comercial do mundo.
O acordo seguiu uma cúpula tortuosa que teve líderes cochilando e seus seguranças jogados em cadeiras enquanto grupos de líderes se juntavam para buscar um acordo.
Com Merkel enfraquecida pela rebelião de seu Partido Popular Europeu (EPP), de centro-direita, no início da reunião, os esforços para impor um acordo preestabelecido com o presidente francês, Emmanuel Macron, encontraram uma resistência firme de Itália, Polônia, entre outros. Isso fez nafraugar um plano para colocar o ministro das Relações Exteriores da Holanda, Frans Timmermans, como presidente da Comissão.
Timmermans, que liderou a campanha dos socialistas para a eleição do Parlamento Europeu em maio, e cujo nome havia sido acertado por Macron e Merkel na reunião do G20 no Japão na semana passada, foi a maior vítima das mais de 30 horas de negociações.
Em outras decisões da terça-feira, o ministro de Relações Exteriores em exercício da Espanha, o socialista Josep Borrell, foi indicado para o cargo de principal diplomata em Bruxelas.
Macron e o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, um dos principais apoiadores da campanha de Timmermans para a presidência do Comissão, também asseguraram a indicação do primeiro-ministro interino liberal da Bélgica, Charles Michel, para substituir Tusk como chairman das cúpulas da UE. No papel de presidente do Conselho Europeu, Michel terá o trabalho de construir os compromissos e acordos entre os 28 Estados-membros. membros.
(Reportagem de Gabriela Baczynska, Richard Lough e Robin Emmott)