(Reuters) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que pretende que o Brasil deixe de ser um importador de fertilizantes e questionou por que o país ainda não é autossuficiente no insumo, já que é um grande produtor de alimentos.
Durante discurso em evento de inauguração de complexo industrial em Minas Gerais com capacidade para produzir 1 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados por ano, Lula ainda disse que foi preciso acontecer a guerra na Ucrânia, provocada pela invasão do território ucraniano pela Rússia, para que despertasse no Brasil a certeza de que o país precisa produzir fertilizantes.
"Nós queremos deixar de ser importador (de fertilizante). No ano passado foram 25 bilhões de dólares que nós pagamos para importar fertilizantes para o Brasil", disse Lula.
"Esse dinheiro poderia ter sido pago para empresários aqui dentro, que geram emprego aqui dentro, que gera salário aqui dentro e que gera qualidade de vida aqui dentro", acrescentou o presidente, ao incentivar os empresários da Eurochem, responsável pela construção da unidade, a investirem em mais plantas de fertilizantes no Brasil.
O presidente criticou o fechamento de fábricas de fertilizantes no Brasil nos últimos anos, atribuindo a um "complexo de vira-lata" existente no Brasil, e disse que a guerra na Europa alterou a percepção sobre a necessidades de produção de fertilizantes.
A Rússia, um grande produtor mundial de fertilizantes, foi atingida por sanções impostas pelo Ocidente por causa da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.
"Precisou acontecer a guerra entre a Rússia e a Ucrânia para que despertasse outra vez em muita gente neste país a certeza de que o Brasil precisava ter fertilizante", disse Lula.
O presidente também voltou a enfatizar seu otimismo em relação à economia brasileira, mencionando anúncios recentes de investimentos de montadoras e a perspectiva de desembolsos em projetos para produção de energia renovável nos próximos anos.
"Agora as coisas voltaram a melhorar, o salário vai voltar a subir, as empresas vão voltar a produzir, o povo vai voltar a comprar, as empresas vão voltar a vender e este país vai voltar a crescer, porque este país não vai jogar (fora) no século 21 a chance que ele jogou fora no século 20", afirmou.
"O desemprego já está o menor dos últimos 15 anos e vai cair mais, a inflação vai cair, o salário vai subir e o povo brasileiro vai ver mais empresas como a Eurochem voltar a investir no Brasil."
(Por Eduardo Simões, em São PauloEdição de Pedro Fonseca)