BUENOS AIRES (Reuters) - O recém-eleito presidente da Argentina, Mauricio Macri, planeja levar adiante reformas econômicas que lhe deem tempo para uma "negociação dura" com fundos de hedge dos Estados Unidos que estão processando o país sul-americano pelo calote de sua dívida soberana, declarou o mandatário ao jornal Clarín.
Macri, que é pró-negócios e venceu a eleição presidencial do último domingo por uma vantagem pequena, se comprometeu a ressuscitar a economia estagnada da Argentina, mas precisa solucionar uma disputa de uma década com os credores antes de recuperar o acesso aos mercados globais de crédito.
"Queremos adotar soluções para políticas que nos deem tempo para estabelecer um arcabouço para uma negociação dura, de forma que possamos defender os direitos dos argentinos", afirmou Macri na entrevista publicada nesta terça-feira.
Isso significa encontrar uma maneira de rapidamente reforçar as decrescentes reservas internacionais do banco central, que chegaram ao menor nível em nove anos, ao caírem abaixo de 26 bilhões de dólares, no momento em que a ainda presidente Cristina Kirchner luta para sustentar a cotação do peso..
Uma queda adicional das reservas em dólares poderia complicar ainda mais os planos de Macri de desmantelar os controles de capital e restrições ao comércio exterior, que ele acredita serem necessários para impulsionar o crescimento, derrubar a inflação de dois dígitos e reduzir o déficit fiscal.
Os opositores de Macri alertaram que sua proposta de rapidamente suspender os controles e unificar as taxas de câmbio vai levar a uma "mega-desvalorização", enquanto seus planos de eliminar os impostos sobre as exportações de trigo e de milho vão reduzir a receita do governo em dólares.
Os assessores de Macri dizem que as reformas restaurariam a confiança dos investidores e trariam dólares para uma economia carente de moeda forte, reduzindo a necessidade de um acordo da dívida rápida com os fundos liderados por Elliott Gestão do bilionário Paul Singer.
O embate da dívida da Argentina com fundos forçou a terceira maior economia da América Latina a dar um calote no ano passado.
Esses credores rejeitaram a forte redução no valor de face da dívida após a Argentina dar um calote recorde em 2002 e exigem a devolução integral dos valores investidos em títulos argentinos.
Muitos argentinos apoiaram a postura inflexível de Cristina perante os credores e o juiz norte-americano que arbitrou a favor destes últimos, e Macri garantiu que irá ser duro nas conversas.
(Por Richard Lough e Sarah Marsh em Buenos Aires e Daniel Bases em Nova York)