Por Michel Rose
PARIS (Reuters) - O presidente da França, Emmanuel Macron, embarca para Israel na terça-feira, em um momento delicado do conflito do país com o Hamas, levando propostas para uma trégua humanitária apesar da iminência de uma ofensiva terrestre contra a Faixa de Gaza. Seus conselheiros afirmam que, além de mostrar solidariedade com Israel, Macron quer levar "propostas que sejam o mais operacionais possível" para evitar uma escalada do conflito, assegurar a libertação de reféns, garantir a segurança de Israel e trabalhar por uma solução de dois Estados.
O líder francês aumentou a aposta antes da viagem, dizendo a jornalistas que só viajaria para a região se achasse que a visita seria "útil".
Sem detalhar quais seriam as propostas, um conselheiro de Macron afirmou que há coisas que podem ser feitas para que Israel não se sinta sozinho na luta contra o terrorismo. Macron se encontrará com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu; com o presidente de Israel, Isaac Herzog; e com os líderes centristas Benny Gantz e Yair Lapid, da oposição ao premiê. Neste momento, a capacidade de Macron de influenciar os acontecimentos na região está aparentemente limitada pelo que alguns analistas dizem ser uma mudança no sentido de uma linha anglo-americana mais pró-Israel, em contraste com a abordagem gaullista francesa tradicionalmente distinta e mais pró-árabe. "O soft power francês no sul do Mediterrâneo se enfraqueceu consideravelmente", disse Emile Bitar, especialista em política externa do think tank francês IRIS.
"Temos a impressão de que nada mais distingue a França de outros países ocidentais, o que não era o caso historicamente, e isso é chocante para a opinião pública do mundo árabe."
A política do governo francês de proibir protestos pró-Palestina na França é uma das razões pelas quais Macron perdeu o crédito com o mundo árabe, segundo o analista. O Judiciário derrubou a decisão. No total, 30 cidadãos franceses foram mortos no ataque do Hamas do dia 7 de outubro, e sete estão desaparecidos. Um deles apareceu em um vídeo publicado pelo grupo militante, mas não se sabe o paradeiro dos outros seis. A visita de Macron também terá repercussão doméstica, onde as grandes comunidades muçulmana e judaica da nação estão sob tensão após o assassinato de um professor por um militante islâmico, em ato que as autoridades consideram associado aos acontecimentos na Faixa de Gaza. (Reportagem de Michel Rose; reportagem adicional de John Irish)