Por Kylie MacLellan
LONDRES (Reuters) - A maioria dos membros do Partido Conservador, da primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, rejeita o acordo fechado pela premiê para a separação do país da União Europeia, segundo uma pesquisa publicada nesta sexta-feira.
A menos de três meses da saída do Reino Unido do bloco, May ainda não obteve o apoio do Parlamento ao seu acordo, e a pesquisa pode abalar a esperança de que a pressão feita por membros locais durante o Natal consiga persuadir parlamentares conservadores a chancelá-lo.
May adiou uma votação sobre o pacto planejada para dezembro depois de admitir que o acordo estava fadado à derrota, e está pedindo garantias adicionais a líderes da UE antes de uma votação que agora deve ocorrer na semana iniciada em 14 de janeiro.
A pesquisa com 1.215 membros do Partido Conservador revelou que 59 por cento se opõem ao acordo da premiê e 38 por cento o aprovam. Mais da metade dos entrevistados disse não acreditar que o pacto respeita o resultado do referendo do Brexit de 2016.
Quando indagados sobre como votariam se outro referendo fosse realizado para se escolher entre a proposta de May e uma saída do bloco sem um acordo, só 29 por cento disseram que ficariam com o acordo de May, e 64 por cento prefeririam nenhum acordo.
A sondagem foi realizada pelo YouGov entre 17 e 22 de dezembro para o Projeto dos Membros do Partido, um estudo de três anos sobre a filiação dos seis maiores partidos britânicos financiado pelo Conselho de Pesquisa Econômica e Social (ESRC), um organismo público sem vínculos com nenhum departamento.
"Os conservadores de raiz estão ainda menos impressionados do que os conservadores do Parlamento", disse Tim (SA:TIMP3) Bale, professor de Política da Universidade Queen Mary de Londres que ajuda na administração do Projeto dos Membros do Partido.
"Se alguns destes parlamentares puderem ser persuadidos a apoiar o acordo da primeira-ministra, não será porque foram pressionados pelos membros locais de seu partido a fazê-lo durante o feriado de Natal".
May está pedindo garantias da UE a respeito da chamada solução emergencial irlandesa, uma apólice de seguro concebida para evitar a volta de uma fronteira dura entre a Irlanda do Norte e a Irlanda, um membro da UE, que continua sendo a maior barreira para se obter o apoio do Parlamento.
A solução lhe custou o apoio de dezenas de seus próprios parlamentares e do pequeno Partido Unionista Democrático da Irlanda do Norte (DUP), um sustentáculo de seu governo de minoria. Críticos temem que a solução emergencial deixe o Reino Unido preso a uma união alfandegária com o bloco indefinidamente.