Por Michel Rose
PARIS (Reuters) - Para os investidores e especialistas, trata-se do grande ponto de interrogação pairando sobre Emmanuel Macron: o político de centro parece a caminho de vencer o segundo turno da eleição presidencial da França, mas como seu partido de um ano de existência poderá conquistar uma maioria no Parlamento, necessária para implantar seu programa?
Jean-Paul Delevoye, o político veterano encarregado de fazer isso acontecer, diz que a clara desordem nos dois partidos tradicionais que vinham se alternando no governo abriu espaço para a sigla En Marche! alcançar o espaço que precisa no Parlamento.
O candidato do governista Partido Socialista, Benoît Hamon, da centro-esquerda, só obteve 6 por cento dos votos no primeiro turno, e alguns socialistas de renome à direita da sigla que se recusaram a apoiá-lo já acenam para Macron.
Enquanto isso, o candidato conservador François Fillon deixou sua legenda em má situação ao se recusar a desistir de concorrer devido a alegações de irregularidades com recursos públicos, que sempre negou. Ele se retirou do fronte político nesta segunda-feira.
"Vai haver um rompimento no Partido Socialista, que pode ter candidatos competindo entre si em alguns locais, e uma divisão dos conservadores entre aqueles que irão buscar vingança e aqueles dispostos a cooperar", disse Delevoye à Reuters em uma entrevista nesta segunda-feira.
Macron, que pesquisas mostram com forte chance de derrotar a líder francesa de extrema-direita Marine Le Pen no dia 7 de maio, baseou muito de seu discurso em um empenho para transcender um sistema de partidos políticos que parecia impenetrável e distante das preocupações reais dos cidadãos.
Macron disse que irá apresentar no mínimo 50 por cento de candidatos sem experiência parlamentar anterior e 50 por cento de mulheres. Em janeiro, ele lançou um pedido de inscrições pela internet e recebeu mais de 14 mil delas.
"Temos candidatos extremamente críveis dos campos da ciência, caridade, esportes, negócios e academia que jamais teriam pensado em entrar para a política nos partidos tradicionais", afirmou Delevoye.
Isso não impediu Macron de mudar de posição quando precisou de figuras experientes como o próprio Delevoye, de 70 anos, que foi ministro do presidente conservador Jacques Chirac.
Delevoye disse que a lista completa será finalizada nas próximas 48 horas e que alguns nomes podem ser revelados antes do segundo turno da eleição. Muitos elementos do programa de Macron devem causar controvérsia e irão exigirão maiorias robustas para serem aprovados.