Por Zoe Tabary
LONDRES (Thomson Reuters Foundation) - Mais de 220 mil mulheres foram assediadas sexualmente em transportes públicos na França durante dois anos, informou a agência nacional de estatísticas de crimes em seu primeiro relatório sobre o assunto, descrevendo-o como uma “estimativa conservadora”.
O escândalo envolvendo o produtor de cinema Harvey Weinstein nos Estados Unidos acelerou uma reanálise de atitudes acerca de assédio sexual na França, um país que aprecia sua autoimagem como terra da sedução e do romance.
“Embora o público foque principalmente em violência doméstica, violência sexual cometida nas ruas, no transporte público ou em outros lugares públicos é tão séria quanto, e merece mais atenção”, informou o relatório.
O Observatório Nacional de Crime e Justiça Criminal da França (ONDRP) descobriu que 267 mil pessoas – sendo 85 por cento delas mulheres – foram assediadas sexualmente em transportes públicos entre 2014 e 2015, incluindo beijos, apertos, exibições e estupros.
Esta é a primeira vez que o ONDRP, que publica uma pesquisa anual sobre insegurança, focou em assédio sexual em transportes públicos.
Paris foi eleita a terceira cidade mais amigável para mulheres em uma pesquisa da Thomson Reuters Foundation publicada em outubro e ranqueada a quarta menos arriscada para violência sexual.
Mas assédios continuam prevalecendo, muitos nas redes sociais.
“Eu recebi cuspes, fui chamada de prostituta... e em uma manhã apalpada por dois homens rindo em um metrô lotado”, disse Siobhán Dowling no Twitter, descrevendo seu período em Paris quando estudante. “O nível de assédio diário é chocante”.