Por Jorge Silva
BANGCOC (Reuters) - Depois de ter previsto o fim da fotografia por conta dos smartphones, Sebastião Salgado mudou de ideia.
"Não acho que esteja em perigo, pensei assim em algum momento, mas estava errado e retiro o que disse"", afirmou Salgado, um dos fotógrafos documentais mais premiados das últimas décadas, à Reuters.
"Acho que a fotografia, agora mais do que nunca, tem um longo futuro pela frente."
O brasileiro, de 73 anos, ainda minimiza os bilhões de celulares que agora tiram a maioria das fotos no mundo.
Ele acredita que fotógrafos documentais estão se diferenciando disso com fotografias memoráveis que irão sobreviver.
"O que as pessoas fazem com seus telefones não é fotografia, são imagens", disse em Bangcoc, onde participa de uma exibição de seus trabalhos.
"Fotografia é uma coisa tangível, você captura, você olha para ela. É algo semelhante à memória."
As fotos preto e branco de Salgado possuem uma grandeza que aumenta o brutal tema de seus trabalhos, muitas vezes de pessoas na pobreza e conflitos ou ambientes ameaçados.
Entre seus trabalhos mais famosos estão os garimpeiros na Serra Pelada, no Pará.
A indústria estima que o total de fotos que serão tiradas em 2017 seja maior que um trilhão.
Ao menos 85 por cento destas fotos serão tiradas em smartphones, que já somam mais de 2 bilhões de aparelhos, e somente cerca de 10 por cento serão tiradas com câmeras digitais.