Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Cada vez mais rebeldes sírios estão desertando para se juntar à insurgência radical Estado Islâmico, disseram investigadores de direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta sexta-feira, no que descreveram como uma "sirialização" do braço da Al Qaeda.
Integrantes da Comissão de Inquérito sobre a Síria, que é independente e foi criada pelo Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas em setembro de 2011, fizeram comentários informais ao Conselho de Segurança da ONU nesta sexta-feira, antes de apresentar seu mais recente relatório na próxima semana.
O investigador-chefe da comissão, o brasileiro Paulo Pinheiro, disse que o Estado Islâmico --anteriormente conhecido como o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, Isil ou Isis-- está passando por uma "sirialização".
"O que começou com uma grande quantidade de combatentes estrangeiros, agora há cidadãos sírios autênticos", afirmou Pinheiro a repórteres. "Nós estamos vendo mais sírios que chegam ao Isis do que antes."
Ele afirmou que há um número estimado de 10 mil a 15 mil combatentes estrangeiros com vários grupos lutando contra as tropas do presidente sírio, Bashar al-Assad.
A integrante da comissão Karen Koning AbuZayd explicou que a maioria dos sírios que se juntam ao Estado Islâmico foi desertando de outros grupos armados da oposição que lutam na guerra civil do país, agora no seu quarto ano.
"Eles veem que é melhor, esses caras são fortes, esses caras estão ganhando batalhas, estão tomando território, eles têm dinheiro, podem nos treinar", declarou AbuZayd a repórteres.
Depois de uma ofensiva bem-sucedida no Iraque, o Estado Islâmico declarou no mês passado um "califado islâmico" no território que controla no Iraque e na Síria e prometeu expandir.
Pinheiro disse que o grupo era um "bom candidato" para ser adicionado à lista confidencial da investigação de suspeitos de crimes de guerra na Síria.
Ele afirmou que sua mensagem para o Conselho de Segurança da ONU, formado por 15 membros, foi a seguinte nesta sexta-feira: "Por favor, não se esqueça da Síria."
Sem citar nomes, Pinheiro criticou "Estados influentes" por sua posição ambígua de apontar responsabilidades pelos crimes na Síria e um impulso para uma solução política, e ao mesmo tempo ajudar as partes em conflito.