Por Mariela Nava e Tibisay Romero e Vivian Sequera
MARACAIBO/VALENCIA/CARACAS, Venezuela (Reuters) - Apoiadores tanto da oposição e quanto do partido da situação na Venezuela realizaram manifestações nesta quarta-feira para marcar o aniversário de um mês da disputada eleição presidencial de julho, enquanto as prisões de figuras oposicionistas continuavam.
O conselho eleitoral da Venezuela proclamou Nicolás Maduro, no cargo desde 2013, como o vencedor da eleição presidencial de 28 de julho, mas não apresentou as atas completas da votação. A oposição publicou as suas próprias atas, mostrando uma vitória acachapante para o seu candidato, Edmundo González.
A discordância gerou pedidos internacionais pela divulgação completa das atas, manifestações com vítimas fatais e movimentações das autoridades para prender figuras da oposição e jornalistas.
A líder oposicionista María Corina Machado disse à Reuters na terça-feira que protestos de rua pacíficos e a pressão internacional tinham o potencial de tirar Maduro do poder.
Mais tarde, no mesmo dia, grupos de oposição relataram pelo menos duas prisões entre os seus, incluindo um advogado do movimento coordenado por María Machado.
"Em todas as partes do mundo, o grito da Venezuela está sendo ouvido", disse Machado, principal rosto da oposição, a seus apoiadores em um comício em Caracas, implorando para eles manterem a pressão e "ao mesmo tempo, proteger uns aos outros, porque o que o regime deixou à solta é brutal".
Logo após o comício, a coalizão de oposição disse que o líder do partido Biagio Pilieri, que apareceu ao lado de Machado, havia sido preso.
A última localidade conhecida de Pilieri, líder do partido Convergencia Venezuela, foi do lado de fora da prisão Helicoide em Caracas, segundo a coalizão em postagem no X, adicionando uma captura de tela da localização de seu celular e dizendo que ele estava com seu filho Jesus, um líder jovem da oposição.
"ABANDONANDO O PAÍS"
Na cidade petroleira de Maracaibo, menos de 100 apoiadores da oposição apareceram para um breve protesto nesta quarta-feira, acompanhado de perto pela polícia.
"Este é o último protesto que eu participo, estou deixando o país na sexta", disse o estudante de engenharia Stiward Prieto, de 23 anos. Ele disse que perdeu o emprego na empresa pública de energia depois da eleição e que precisa sustentar o pai idoso, um professor aposentado com diabetes.
"Fico triste de deixar o país assim, mas não tem outro jeito", disse Prieto enquanto balançava a bandeira venezuelana.
Mais de 7,7 milhões de venezuelanos deixaram o país nos últimos anos e outros disseram que também vão se Maduro continuar no poder.
Protestos realizados desde a eleição deixaram pelo menos 27 pessoas mortas. O grupo de direitos humanos Foro Penal diz que 1.780 pessoas estão detidas como presas políticas, incluindo 114 adolescentes.