SÃO PAULO (Reuters) - A candidata à Presidência Marina Silva (PSB), que está fora da disputa no segundo turno, disse que o seu programa de governo servirá de base para tomar uma posição na próxima etapa e sinalizou que poderá apoiar o candidato Aécio Neves (PSDB), ao contrário do que ocorreu em 2010, quando se manteve neutra.
"Nós vamos fazer a discussão e obviamente que estatisticamente a sociedade mostra isso. Não há o que tergiversar com o sentimento do eleitor de 60 por cento que fez esse movimento(de mudança)", em uma indicação de que poderá apoiar a candidatura de oposição.
Marina, no entanto, disse que a decisão será tomada em reuniões individuais dos partidos que fazem parte da coligação "Unidos pelo Brasil", e depois conjuntamente, com base no programa apresentado no segundo turno.
"O programa já foi discutido. Ele é a base de qualquer diálogo nesse segundo momento em que os eleitores iniciarão um novo processo", afirmou.
Com a apuração da eleição quase concluída, Dilma tinha 43,3 milhões de votos, Aécio estava com 34,9 milhões e Marina com 22,2 milhões, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em 2010, quando foi candidata à Presidência pelo PV, Marina surpreendeu com 19,6 milhões de votos, mas decidiu não apoiar nem Dilma nem o tucano José Serra no segundo turno.
"Estamos no segundo turno com o nosso programa, como mais de 20 por cento da população brasileira, de que a mudança precisa ser qualificada", disse, acrescentando que encara a votação recebida como "crescimento" em relação à votação passada.
"Nós temos que ser coerentes é com o sentimento que representamos, de uma mudança qualificada que a sociedade está colocando. A sociedade brasileira está dizendo claramente que não quer o que está aí, do jeito que está aí", disse.
A ex-senadora, que se juntou ao PSB depois de ver negado o registro de seu partido Rede Sustentabilidade, não descartou a possibilidade de se manter no PSB. Questionada se deixaria o PSB e quando, disse que o PSB jamais exigiu dela que desistisse do projeto Rede, mas ressaltou que a conjuntura mudou com a morte de Eduardo Campos.
"O que nós nunca imaginávamos é que o PSB que nos ajudou agora precisaria da nossa ajuda com a perda do Eduardo Campos. E o PSB sabe que pode contar com essa ajuda. Somos dois partidos inteiramente solidários."
Campos concorria à Presidência pelo partido socialista, mas após a morte trágica em um acidente aéreo em agosto foi substituído por Marina, que até então concorria como vice.
(Por Pedro Belo e Maria Carolina Marcello; Texto de Raquel Stenzel; Edição de Maria Pia Palermo)