Por Nicolás Misculin e Juan Bustamante
BUENOS AIRES (Reuters) - O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, enfrenta uma batalha feroz por votos com o libertário de extrema-direita Javier Milei antes do segundo turno no próximo mês, embora o candidato de centro-esquerda esteja na frente após uma surpreendente vitória no primeiro turno.
Massa, que comanda a economia do país em meio à pior crise das últimas duas décadas, obteve quase 37% dos votos nas eleições gerais de domingo, cerca de 9,6 milhões de pessoas, contra 30% de Milei e 7,9 milhões.
Estão em disputa 8,8 milhões de votos que foram para os três candidatos derrotados, a conservadora Patricia Bullrich, o governador peronista moderado Juan Schiaretti e a esquerdista Myriam Bregman.
A disputa pode definir a trajetória futura da Argentina, a segunda economia da América do Sul, com uma batalha polarizada entre a terapia de choque de Milei para a economia e o plano mais estável de Massa, que até agora não conseguiu resolver a crise.
O país, um grande exportador de grãos e o maior devedor do Fundo Monetário Internacional (FMI), está lutando contra uma inflação de quase 140%, reservas líquidas próximas de zero, uma recessão iminente e uma moeda enfraquecida. Os mercados caíram na segunda-feira após a votação.
"Tanto Milei quanto Massa precisarão buscar alianças com outros setores políticos", disse Shila Vilker, diretora da consultoria de opinião pública Trespuntozero, mas acrescentou que Milei, que criticou seus rivais de forma abrasiva, pode ter mais dificuldades.
"Massa vem propondo com muita veemência, há muito tempo, a ideia de um governo de unidade nacional. No caso de Milei, as coisas parecem um pouco mais difíceis porque ele sistematicamente se preocupou em insultar todos os possíveis rivais."
Schiaretti e Bregman, ambos de esquerda, em teoria devem transferir a maior parte de seus 2,5 milhões de votos juntos para Massa no confronto direto de 19 de novembro. Os 6,3 milhões de Bullrich provavelmente favoreceriam mais Milei, mas os moderados em sua coalizão poderiam mudar para Massa.
"Precisamos agregar pessoas que não nos apoiaram, mostrando o que vamos fazer e com quem vamos fazer. A ideia é deixar claro um novo eixo de governo, propostas e nossas equipes", disse à Reuters uma fonte próxima à equipe de Massa.
"Entendo que o voto de Schiaretti é majoritariamente peronista. Mais votos podem até vir de Bullrich", acrescentou.
Uma fonte da equipe de Milei afirmou que ele estava tentando conquistar o voto de Bullrich, apesar do fato de que, durante um debate, ele a chamou de "assassina", e tentaria reunir apoio contra a esquerda peronista aliada a Cristina Fernández de Kirchner.
"Ele provavelmente moderará seu discurso. Ele procurará pressionar os eleitores anti-Kirchneristas de Bullrich e Schiaretti", disse a pessoa, acrescentando que ele estava procurando uma "ficha limpa" para ajudar a trazer aliados conservadores.