Por Lizbeth Diaz e Frank Jack Daniel
(Reuters) - A pequena cidade de Ocotlan, no oeste do México, foi duramente afetada por uma emboscada que o governo agora admite ter sido um ato de abuso policial, resultando na morte de dezenas de jovens que se filiaram a um poderoso cartel de drogas em busca de dinheiro e aventura, mas que encontraram apenas uma morte precoce.
A Comissão Nacional de Direitos Humanos do México afirmou, na quinta-feira, que a polícia federal mexicana arbitrariamente executou pelo menos 22 dos 42 suspeitos de participarem do cartel, em um rancho há mais de um ano, e que moveu os cadáveres para simular um falso tiroteio.
Pode ter sido um ato de vingança. Junto com o chocante sequestro, em 2014, de 43 professores em treinamento, os quais não foram vistos desde que policiais corruptos supostamente os entregaram para membros de um cartel de drogas, este é considerado um dos piores casos de abuso policial em uma década de brutal violência no país.
Embora o ataque tenha ocorrido no município de Tanhuato, quase todos os mortos eram de Ocotlan, uma pequena cidade localizada entre os Estados de Jalisco e Michoacán, na linha de frente da guerra contra as drogas do México.
Um altar improvisado em homenagem aos mortos, mostrando a imagem de um santo com dois rifles AK-47 acima de sua cabeça, foi montado em uma das vizinhanças mais atingidas de Ocotlan.
Após o massacre de 22 de maio de 2015, as famílias em luto mantiveram-se caladas. Elas não buscaram grupos de direitos humanos para ajudá-las a provar que a polícia havia executado seus filhos e maridos. Muitos citaram temores de represálias, tanto do cartel quanto de policiais.