Por Michelle Martin
LUENEBURG, Alemanha (Reuters) - Um ex-guarda-livros de 93 anos que trabalhou em Auschwitz acusado de ser cúmplice de assassinatos em massa disse a um tribunal alemão que se sente moralmente culpado por sua atuação no campo de extermínio nazista, descrevendo em detalhes as execuções apavorantes que testemunhou no local.
No que pode ser um dos maiores julgamentos do Holocausto, Oskar Groening está sendo acusado de auxiliar no assassinato de 300 mil pessoas, embora não tenha matado nenhuma.
"Em termos morais, minhas ações me tornam culpado", declarou Groening à corte na cidade de Lueneburg, no norte do país, no início dos procedimentos.
"Coloco-me diante das vítimas com remorso e humildade", afirmou. "Quanto à questão de eu ser culpado em termos legais, vocês devem decidir."
Groening tinha 21 anos e reconhece que era um entusiasta do nazismo quando foi enviado para trabalhar em Auschwitz em 1942. Seu caso é incomum porque, ao contrário de muitos homens e muitas mulheres das unidades SS que atuaram em campos de concentração, ele falou abertamente em entrevistas sobre seu tempo no campo na Polônia ocupada.
Sua função era recolher os pertences dos deportados depois que estes chegavam ao campo e passavam por um processo de seleção que resultava no envio de muitos diretamente para as câmaras de gás.
Ele inspecionava suas bagagens, retirando e contando eventuais notas de dinheiro e as enviando para oficiais da SS em Berlim, onde ajudavam a financiar o esforço de guerra nazista.