LONDRES (Reuters) - O ex-presidente da Rússia Dmitry Medvedev disse aos Estados Unidos nesta quarta-feira que as tentativas do Ocidente de punir uma potência nuclear como a Rússia pela guerra na Ucrânia podem colocar a humanidade em risco.
A invasão da Ucrânia pela Rússia desencadeou a mais grave crise nas relações entre a Rússia e o Ocidente desde a crise dos mísseis cubanos de 1962, quando muitas pessoas temiam que o mundo estivesse à beira de uma guerra nuclear.
Medvedev classificou os EUA como um império que derramou sangue em todo o mundo, citando o assassinato de povos nativos americanos, ataques nucleares dos EUA ao Japão e uma série de guerras que vão do Vietnã ao Afeganistão.
Tentativas de usar tribunais para investigar as ações da Rússia na Ucrânia seriam, disse Medvedev, inúteis e arriscariam uma devastação global.
"A ideia de punir um país que tem um dos maiores potenciais nucleares é absurda. E potencialmente representa uma ameaça à existência da humanidade", disse Medvedev, que agora atua como vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, no Telegram.
Rússia e Estados Unidos controlam cerca de 90% das ogivas nucleares do mundo, com cerca de 4.000 ogivas cada em seus estoques militares, segundo a Federação de Cientistas Americanos.
Enquanto presidente, de 2008 a 2012, Medvedev se apresentou como um reformador que queria melhores as relações com o Ocidente.
Mas, desde que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, ele se transformou em uma voz linha-dura do Kremlin.
"Toda a história americana, começando com a conquista dos indígenas nativos, é uma sangrenta guerra de aniquilação", disse.
(Reportagem de Guy Faulconbridge)