Por Michelle Martin e Andreas Rinke
BERLIM/PRETÓRIA (Reuters) - A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que a eleição de um premiê estadual com apoio de seus correligionários conservadores e do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) é imperdoável e que deveria ser revertida, uma tentativa de conter uma crise em sua coalizão nacional.
A eleição de Thomas Kemmerich, membro pouco conhecido do Partido Democrático Liberal (FDP), na Turíngia, no leste alemão, foi a primeira que um premiê estadual venceu com o endosso do AfD, o que rompeu o consenso pós-guerra existente entre os partidos estabelecidos para barrar a extrema-direita.
Em uma manobra que revoltou seus parceiros de coalizão do Partido Social Democrata (SPD), a União Democrata-Cristã (CDU), de Merkel, se aliou ao AfD.
"Este acontecimento é indesculpável, e por isso os resultados deveriam ser revertidos", disse Merkel, que raramente comenta política doméstica em viagens ao exterior, em uma coletiva de imprensa durante uma visita à África do Sul. "Foi um dia ruim para a democracia."
Ela disse que a filial regional da CDU na Turíngia afrontou os valores do partido e enfatizou que sua sigla não deveria participar de um governo estadual comandado por Kemmerich.
"A eleição do premiê estadual foi única e rompeu com a convicção fundamental mantida pela CDU e por mim de que nenhuma maioria deveria ser obtida com a ajuda do AfD", acrescentou.
Mike Mohring, líder da CDU na Turíngia, tentou driblar as críticas, dizendo na quarta-feira que sua legenda não é responsável pela maneira como outros partidos votaram na eleição secreta.