CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O governo mexicano acusou novamente na terça-feira as forças de segurança e de inteligência da Bolívia de perseguir seu corpo diplomático na capital do país, horas depois do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, ter dito que a vigilância sobre a embaixada havia diminuído.
As queixas do México começaram na segunda-feira, depois de as relações bilaterais entre os dois países terem sido afetadas pela decisão de López Obrador de dar asilo político ao ex-presidente boliviano Evo Morales, que renunciou neste ano em meio a uma convulsão social.
Por meio de comunicado, a Secretaria das Relações Exteriores do México denunciou na terça-feira que o “assédio policial” sobre suas instalações em La Paz continua. Ela acusou agentes bolivianos de perseguirem veículos oficiais, realizar gravações e tentar deter o livre trânsito de sua embaixadora.
“É evidente que essa ações não correspondem às práticas habituais de vigilância e proteção dos imóveis diplomáticos”, disse a chancelaria. “Se essa situação se mantiver, o México responsabiliza a Bolívia por qualquer problema em sua sede diplomática e pessoal destacado ali.”
López Obrador disse mais cedo que tinha informações de que a “vigilância extrema” tinha diminuído. “Tenho notícias de que diminuiu consideravelmente essa situação na nossa embaixada na Bolívia”, disse o presidente em sua habitual coletiva de imprensa matutina. Ele não deu mais detalhes, mas afirmou que esperava que “muitas coisas se esclarecessem”.
De acordo com a Agencia Boliviana de Información, que é estatal, autoridades do país explicaram, na terça-feira, que a maior vigilância visava resguardar o local que abriga aliados de Morales.
Atualmente, a Bolívia é governado por Jeanine Añez, uma ex-senadora e opositora de Morales.
(Reportagem de Noé Torres e Daina Beth Solomon, com reportagem adicional de Miguel Angel Gutiérrez)