Por Dave Graham
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - O México e os Estados Unidos podem cogitar ações adicionais no mês que vem para restringirem a imigração ilegal saída da América Central, incluindo medidas para envolver Brasil e Panamá em esforços para combater o problema, disse o ministro das Relações Exteriores mexicano nesta segunda-feira.
O chanceler Marcelo Ebrard disse que as medidas podem ser necessárias se um acordo entre Washington e o México, anunciado na semana passada, não conseguir reduzir em 45 dias o número de imigrantes, a maioria centro-americanos, entrando no México rumo à fronteira dos EUA.
O acordo evitou a imposição de tarifas sobre as importações de todos os bens mexicanos, algo que o presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou fazer a menos que o México trabalhe mais para deter a imigração ilegal com destino ao seu país.
Pelo acordo, o México expandirá rapidamente um programa por meio do qual os imigrantes que solicitaram asilo nos EUA aguardam o processo no México. O país também prometeu reforçar sua fronteira sul com a Guatemala com seis mil membros da força policial militarizada da Guarda Nacional, além de outras medidas.
Mercados de ações de todo o mundo subiram nesta segunda-feira, e os preços de títulos do Tesouro norte-americano caíram, depois que Washington engavetou o plano de tarifas, amenizando os temores do impacto de outra guerra comercial na economia global.
Mas ainda nesta segunda-feira Trump disse que levará as tarifas propostas adiante se o Congresso mexicano não aprovar uma parte ainda não revelada do acordo que os EUA pleiteiam há muito tempo.
"Não prevemos um problema na votação mas, se por alguma razão, a aprovação não estiver próxima, as tarifas serão reinstauradas", escreveu ele no Twitter.
Ebrard disse que Trump se referiu a possíveis medidas adicionais para pressionar outros países que não os EUA para que estes dividam o fardo.
Autoridades de fronteira dos EUA apreenderam mais de 132 mil pessoas cruzando do México em maio, a maior cifra mensal desde 2006.
Muitos dos imigrantes são famílias tentando fugir da pobreza e de crimes violentos na América Central, uma das áreas mais empobrecidas do Hemisfério Ocidental.
Ebrard disse que outros países latino-americanos também precisam dividir o fardo de deter grandes grupos de imigrantes que seguem para o norte.
"Se as medidas que estamos propondo não tiverem sucesso, temos que discutir com os Estados Unidos e com outros países, como Guatemala, Panamá e Brasil", disse. "É um sistema regional."
Imigrantes de países africanos voam com frequência ao Brasil para depois fazerem a árdua jornada rumo ao norte.
(Reportagem adicional de Doina Chiacu e Makini Brice, em Washington, e Frank Jack Daniel, na Cidade do México)