(Reuters) - O julgamento de Aung San Suu Kyi, líder deposta de Mianmar, deve começar nesta segunda-feira, e a junta que derrubou seu governo eleito rejeitou críticas da Alta Comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas ao uso de força letal contra manifestantes.
Mianmar passa por tumultos desde que a junta tomou o poder, em 1º de fevereiro, e deteve Suu Kyi e outros membros graduados de seu partido, o que desencadeou protestos diários e combates entre as Forças Armadas e guerrilhas e milícias de minorias étnicas.
Suu Kyi, de 75 anos, deve ir a julgamento nesta segunda-feira acusada de violar regulamentos contra o coronavírus durante a campanha de reeleição que venceu em novembro e da posse de walkie-talkies sem licença.
Acredita-se que o primeiro julgamento se estenderá até o final de julho, disse seu advogado.
Premiada com o Nobel da Paz, Suu Kyi ainda enfrenta outras acusações mais graves, como tentativa de incitação, violação da lei de segredos oficiais e aceitação de 600 mil dólares e 11,4 quilos de ouro do ex-ministro-chefe de Yangon.
Sua equipe legal negou qualquer irregularidade e seu advogado principal, Khin Maung Zaw, classificou as acusações mais recentes de corrupção de "absurdas".
Phil Robertson, vice-diretor da Human Rights Watch para a Ásia, disse em um comunicado que as acusações que Suu Kyi enfrenta "são falsas e têm motivação política" e que "deveriam ser descartadas, resultando em sua libertação imediata e incondicional".
O Exército diz que tomou o poder à força porque o partido de Suu Kyi venceu a eleição por meio de uma fraude eleitoral, uma acusação rejeitada pela comissão eleitoral anterior e por monitores internacionais.
As forças de segurança de Mianmar já mataram ao menos 862 pessoas durante a repressão dos protestos realizados desde o golpe, de acordo com a Associação de Assistência a Prisioneiros Políticos, mas a junta questiona o número.
(Da redação da Reuters)