Por Giulia Paravicini
ADIS-ABEBA (Reuters) - A Etiópia disse nesta quinta-feira que está se aproximando da capital da região de Tigré em meio a uma guerra de duas semanas e acusou o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) de intervenção diplomática a favor dos rebeldes.
O conflito já matou centenas, fez 30 mil refugiados fugirem para o Sudão e colocou em xeque se o primeiro-ministro, Abiy Ahmed, líder africano mais jovem e agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 2019, consegue preservar a integridade de sua nação etnicamente dividida.
É cada vez maior o alarme internacional causado pela instabilidade que se alastra pelo Chifre da África, e a equipe do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, fez um apelo pelo fim dos combates e pela proteção dos civis.
O governo de Abiy diz que suas tropas conquistaram uma série de vitórias e que em breve chegarão à capital regional Mekelle, cidade de cerca de 500 mil pessoas onde Frente de Libertação do Povo do Tigré, que governa a região, tem grande apoio e um histórico de lutas.
"Nossas forças de defesa estão avançando e se acercando de Mekelle", disse o porta-voz governamental, Redwan Hussein, aos repórteres. "Há várias cidades que caíram."
A guerra opõe o governo central e um dos Estados étnicos mais fortemente militarizados que compõem a Etiópia.
Também nesta quinta-feira, os militares etíopes acusaram Tedros Adhanom Ghebreyesus, chefe da OMS e o nativo de Tigré mais conhecido no exterior, de tentar obter armas e apoio diplomático à Frente de Libertação.
(Reportagem adicional de Katharine Houreld, Maggie Fick, Duncan Miriri e David Lewis em Nairóbi)