(Reuters) - Os militares de Mianmar tomaram o poder nesta segunda-feira com um golpe contra o governo eleito democraticamente de Aung San Suu Kyi, laureada com o Nobel, que foi detida com outros líderes de seu partido Liga Nacional pela Democracia (NLD) em operações realizadas no início da manhã.
O Exército disse que as detenções foram uma reação a uma "fraude eleitoral", colocando o poder nas mãos do chefe militar e general Min Aung Hlaing e impondo um estado de emergência de um ano, de acordo com um comunicado.
O partido de Suu Kyi disse que ela pediu ao povo que proteste contra o golpe militar, citando comentários que disse terem sido escritos prevendo um golpe.
O golpe desestabiliza anos de esforços apoiados pelo Ocidente para estabelecer a democracia em Mianmar, também conhecida como Burma, onde a vizinha China tem uma influência poderosa.
Os generais agiram horas antes do que deveria ser a primeira sessão do Parlamento desde a vitória contundente da NLD na eleição de 8 de novembro.
As conexões de telefone e internet da capital Naypyitaw e do principal centro comercial do país, Yangon, sofreram interrupções, e a televisão estatal saiu do ar depois que os líderes da NLD foram detidos.
Resumindo uma reunião da nova junta, os militares disseram que Min Aung Hlaing, que se aproximava da aposentadoria, prometeu praticar um "sistema democrático multipartidário genuíno que fará florescer a disciplina".
Ele prometeu uma eleição livre e justa e uma transferência de poder ao partido vencedor, disse a junta, sem informar um cronograma.
Mais tarde, a junta destituiu 24 ministros e nomeou 11 substitutos para supervisionarem ministérios como os das Finanças, Defesa, Relações Exteriores e Interior.
Suu Kyi, o presidente Win Myint e outros líderes da NLD foram "levados" nas primeiras horas da manhã, disse o porta-voz da NLD, Myo Nyunt, à Reuters por telefone.
Um vídeo publicado no Facebook por um membro do Parlamento pareceu mostrar a prisão da parlamentar regional Pa Pa Han. Seu marido suplica a homens com trajes militares parados diante do portão. Uma criança é vista agarrada em seu peito e chorando.
As detenções ocorreram depois de dias de tensão entre o governo civil e os militares na esteira da votação mais recente, na qual o partido de Suu Kyi obteve 83% dos votos.
Apoiadores dos militares comemoraram o golpe, desfilando por Yangon em picapes e acenando com bandeiras nacionais.
(Da redação da Reuters)