SANTIAGO (Reuters) - O escolhido do presidente do Chile, Sebastián Piñera, como ministro da Cultura foi obrigado a renunciar nesta segunda-feira, dias depois de tomar posse, por causa das críticas crescentes a comentários que ele fez em 2015 sobre um museu de direitos humanos na capital Santiago.
Mauricio Rojas, economista político chileno-sueco e membro da coalizão de centro-direita de Piñera, questionou a validade de um Museu da Memória e dos Direitos Humanos, que abriu em 2010 e documenta os abusos cometidos durante a ditadura militar de Augusto Pinochet entre 1973 e 1990.
"Mais do que um museu, é uma instalação cujo objetivo... é chocar o espectador, deixando-o atordoado e impedindo-o de raciocinar", disse ele, segundo um livro publicado em 2015. "É uma manipulação da história... um uso desavergonhado e impreciso de uma tragédia nacional que tocou tantos de nós diretamente".
Os comentários foram descobertos pela mídia chilena no final de semana, provocando uma onda de críticas de políticos da direita e da esquerda e pedidos de atores, escritores e músicos pela renúncia de Rojas.
Rojas, que fez os comentários em um livro do qual é coautor e no qual fala de sua migração da esquerda para a direita no espectro político, disse no Twitter no sábado que estes não refletem sua visão atual e que "jamais diminuiu nem justificou violações de direitos humanos inaceitáveis, sistemáticas e graves que aconteceram no Chile".
O escândalo representa uma nova dor de cabeça para Piñera, que viu seu índice de aprovação cair em meio a uma série de gafes de seus ministros, somada à alta taxa de desemprego persistente. Na semana passada, com meros cinco meses de governo, ele trocou três ministros durante uma reforma no gabinete.
(Por Antonio de la Jara e Aislinn Laing)