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Mortes por terremoto em Turquia e Síria passam de 33.000; Turquia entra na Justiça contra construtores

Publicado 12.02.2023, 13:59
Atualizado 12.02.2023, 14:00
© Reuters. Pessoas descansam ao lado de lareira durante buscas por vítimas de terremoto em Kahramanmaras, na Turquia
12/02/2023
REUTERS/Suhaib Salem

Por Ali Kucukgocmen e Henriette Chacar

ANTÁQUIA, Turquia (Reuters) - Equipes de resgate retiraram mais sobreviventes dos destroços neste domingo, seis dias depois de um dos piores terremotos a atingir Turquia e Síria, com autoridades turcas tentando manter a ordem na zona de desastre e começando a tomar ações judiciais devido ao colapso de alguns prédios.

Com as chances de encontrar sobreviventes cada vez mais remotas, a contagem de mortes pelo terremoto de segunda-feira nos dois países passou de 33.000 pessoas, aparentemente com tendência de aumentar. Foi o terremoto mais letal na Turquia desde 1939.

Moradores deslocados na cidade turca de Kahramanmaras, perto do epicentro, disseram que haviam armado tendas o mais próximo possível de suas casas danificadas ou destruídas, em uma tentativa de impedir que elas fossem saqueadas.

Questionado pela resposta ao terremoto no momento em que se prepara para uma eleição nacional que deve ser a mais difícil das suas duas décadas no poder, o presidente turco, Tayyip Erdogan, prometeu começar a reconstrução nas próximas semanas.

Na Síria, a área mais atingida foi o noroeste, que é controlado pelos rebeldes, deixando muitas pessoas desabrigadas pela segunda vez após terem sido inicialmente deslocadas por uma guerra civil que já dura uma década. A região tem recebido pouco auxílio em comparação com áreas controladas pelo governo.

“Até agora falhamos com as pessoas no noroeste da Síria”, tuitou o chefe de auxílio da ONU, Martin Griffiths, da fronteira entre Turquia e Síria, onde apenas um ponto de cruzamento está aberto para fornecimentos de auxílio da ONU. “Eles têm razão em se sentir abandonados”, disse Griffiths, acrescentando que estava focado em lidar com isso rapidamente.

Na província de Hatay, no sudeste da Turquia, uma equipe de resgate romena retirou um homem de 35 anos chamado Mustafa de uma pilha de destroços de um prédio, disse a emissora CNN da Turquia, cerca de 149 horas depois dele ser soterrado pelo tremor.

“Sua saúde está boa, ele estava conversando”, disse um dos membros da equipe. “Ele estava dizendo ‘me tire daqui rapidamente, eu tenho claustrofobia’”.

SEGURANÇA E ORDENS DE PRISÃO

Duas organizações de resgate alemãs suspenderam o trabalho na Turquia no sábado citando relatos de conflitos entre grupos de pessoas e destacando preocupações com a segurança nas áreas atingidas pelo terremoto.

Gizem, integrante de uma equipe de resgate da província de Sanliurfa, no sudeste, disse que havia visto saqueadores na cidade de Antáquia. “Não podemos intervir muito porque a maioria dos saqueadores carregam facas”.

Erdogan alertou que saqueadores seriam severamente punidos.

A qualidade dos prédios em um país que se encontra em várias falhas sísmicas entrou em foco após o terremoto.

O vice-presidente Fuat Oktay disse que 131 suspeitos foram identificados até agora como responsáveis pelo colapso de alguns dos milhares de prédios que desabaram nas 10 províncias afetadas.

AJUDA À SÍRIA “RETIDA”

Na Síria, as hostilidades que dividem o país durante 12 anos de guerra civil agora estão prejudicando o trabalho de assistência.

© Reuters. Pessoas descansam ao lado de lareira durante buscas por vítimas de terremoto em Kahramanmaras, na Turquia
12/02/2023
REUTERS/Suhaib Salem

Ajuda de regiões controladas pelo governo a territórios controlados por grupos de oposição linha dura tem sido retida por problemas de aprovação do grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que domina boa parte da região, disse um porta-voz da ONU.

Uma fonte do HTS em Idlib disse à Reuters que o grupo não permitiria envios de áreas controladas pelo governo e que a ajuda viria pela Turquia, ao norte.

(Reportagem de Ali Kucukgocmen em Antakya, Maya Gebeily em Adana; Reportagem adicional de Umit Bektas em Antakya, Daren Butler e Yesim Dikmen em Istambul, Timour Azhari em Beirute, Suleiman al-Khalidi em Amman)

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