Por Phil Stewart e Andrew Gray
WASHINGTON/BRUXELAS (Reuters) - Os Estados Unidos não imporão novos limites ao uso de armas norte-americanas pela Ucrânia se a Coreia do Norte entrar no conflito, disse o Pentágono nesta segunda-feira, num momento em que a Otan disse que unidades militares norte-coreanas foram enviadas para a região russa de Kursk.
O envio de tropas pela Coreia do Norte está aumentando as preocupações no Ocidente de que o conflito de dois anos e meio na Ucrânia possa se expandir, mesmo com a atenção se virando para o Oriente Médio.
Isso pode ser um indício de como a Rússia espera compensar as crescentes perdas em campo de batalha e continuar fazendo avanços lentos e constantes no leste da Ucrânia.
"A crescente cooperação militar entre a Rússia e a Coreia do Norte representa uma ameaça para a segurança tanto no Indo-Pacífico quanto na região euro-atlântica", disse o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, depois de se reunir com a delegação sul-coreana para discutir a movimentação norte-coreana.
O Pentágono estimou que 10 mil soldados norte-coreanos tenham sido enviados ao leste da Rússia para treinamento, um aumento em relação à estimativa de 3 mil soldados da última quarta-feira.
"Uma parte desses soldados já se aproximou da Ucrânia e estamos cada vez mais preocupados que a Rússia pretenda usar esses soldados em combate ou para apoiar operações de combate contra forças ucranianas na região russa de Kursk Oblast, próxima da fronteira com a Ucrânia", disse a porta-voz do Pentágono, Sabrina Singh, usando um termo para descrever uma região russa.
A inteligência militar ucraniana informou na quinta-feira que as primeiras unidades norte-coreanas foram vistas na região de fronteira de Kursk, onde tropas ucranianas vêm operando desde uma incursão importante em agosto.
O Pentágono, no entanto, se recusou a confirmar se forças norte-coreanas já estavam em Kursk.
"É provável que eles estejam se movendo em direção a Kursk. Mas não tenho mais detalhes por enquanto", disse Singh.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, afirmou que o governo ucraniano vinha alertando sobre o envio de tropas faz semanas e acusou aliados de terem fracassado em dar uma resposta forte.
"A mensagem final é: ouçam a Ucrânia. A solução: retirem as restrições sobre nossos ataques de longo alcance contra a Rússia agora", disse o ministro na plataforma X.
Inicialmente, o Kremlin havia classificado as reportagens sobre o envio de soldados norte-coreano como notícias falsas. Mas, na quinta-feira, Putin não negou que tropas norte-coreanas estavam na Rússia e disse que cabia a Moscou decidir como implementar o tratado de parceria com Pyongyang.
O envio de tropas norte-coreanas foi um sinal de “desespero crescente” por parte de Putin, disse Rutte, da Otan.
“Mais de 600.000 soldados russos foram mortos ou feridos na guerra de Putin e ele não consegue sustentar seu ataque à Ucrânia sem apoio estrangeiro”, acrescentou Rutte.
(Reportagem de Andrew Gray em Bruxelas, reportagem adicional de Yuliia Dysa em Gdansk)