Navalny lança campanha anti-Putin e anti-guerra no início de novo julgamento

Publicado 19.06.2023, 13:21
© Reuters. Navalny, advogados e outros participantes são vistos em vídeo link durante audiência externa de tribunal de Moscou na colônia penal onde o líder de oposição está preso
19/06/2023
REUTERS/Evgenia Novozhenina

(Reuters) - O político russo Alexei Navalny anunciou o início de uma nova campanha em massa contra o presidente Vladimir Putin e a guerra na Ucrânia nesta segunda-feira, quando começou seu mais recente julgamento na prisão, enfrentando uma possível sentença de várias décadas atrás das grades.

Navalny, de 47 anos, já está cumprindo sentenças totalizando 11 anos e meio, e agora enfrenta uma série de acusações ligadas à suposta atividade "extremista". Absolvições de figuras da oposição são praticamente inéditas na Rússia.

Jornalistas que viajaram para a colônia penal onde Navalny está preso em Melekhovo, cerca de 235 km a leste de Moscou, foram impedidos de entrar no tribunal, mas inicialmente puderam acompanhar os procedimentos por vídeo de uma sala próxima, embora o som fosse quase ininteligível.

Navalny, parecendo magro com cabelo curto e vestido com um uniforme preto de prisão, levantou-se e falou em voz alta por três minutos. Ele exigiu, sem sucesso, acesso ao tribunal para seus pais idosos e contestou a autoridade do juiz de Moscou para julgá-lo em uma prisão longe da capital.

Mas a transmissão foi cortada posteriormente, e um porta-voz do tribunal disse que outros procedimentos ocorreriam a portas fechadas.

Os promotores levantaram preocupações de segurança, dizendo que receberam evidências de uma "provocação" planejada -- uma sugestão rejeitada pelos apoiadores de Navalny.

"O que pode ser mais seguro do que uma colônia penal de regime estrito?" sua porta-voz Kira Yarmysh tuitou.

O pai de Navalny, Anatoly, deixou a prisão dizendo: "Sem vergonha, sem consciência, sem honra".

Os partidários de Navalny acusam Moscou de tentar quebrar a resistência do opocisionista na prisão, onde ele passou longos períodos em confinamento solitário, para silenciar suas críticas a Putin.

O Kremlin diz que seu caso é puramente uma questão judicial. "Não estamos acompanhando este julgamento", disse o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, a repórteres.

Enquanto os repórteres esperavam por notícias da audiência, a equipe de Navalny anunciou uma nova campanha para virar a opinião pública russa contra Putin e a guerra na Ucrânia.

Navalny, que publica nas redes sociais por meio de seus advogados e aliados, e na década de 2010 levou dezenas de milhares de pessoas às ruas, pediu aos russos que "unissem forças na luta contra as mentiras de Putin e a hipocrisia do Kremlin".

Ele pediu que especialistas em marketing e TI, sociólogos, cientistas políticos, doadores e voluntários se inscrevessem.

"Faremos uma campanha eleitoral contra a guerra. E contra Putin. Apenas isso. Uma campanha longa, teimosa, exaustiva, mas fundamentalmente importante, na qual colocaremos as pessoas contra a guerra", disse ele.

A próxima eleição presidencial da Rússia está prevista para 2024, e Putin ainda não confirmou se vai concorrer.

O movimento de Navalny está banido de todas as atividades políticas, mas ele disse que ainda pode alcançar um impacto poderoso por meio de mensagens direcionadas, já que "toda avó agora tem WhatsApp e Telegram".

© Reuters. Navalny, advogados e outros participantes são vistos em vídeo link durante audiência externa de tribunal de Moscou na colônia penal onde o líder de oposição está preso
19/06/2023
REUTERS/Evgenia Novozhenina

No poder desde o último dia de 1999, o líder do Kremlin reprimiu sistematicamente a dissidência, e todos os seus principais oponentes estão agora no exterior ou na prisão.

Apesar dos numerosos contratempos na guerra e das crescentes baixas russas, ele continua politicamente dominante e é amplamente esperado que busque e ganhe um novo mandato de seis anos em março próximo.

(Reportagem da Reuters; texto de Mark Trevelyan)

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