Por Sanjeev Miglani e Yew Lun Tian
NOVA DÉLHI/PEQUIM (Reuters) - Índia e China disseram que querem paz, mas culparam uma à outra nesta quarta-feira depois que tropas dos dois lados se enfrentaram selvagemente com porretes cravados de pregos e pedras na fronteira do Himalaia, matando ao menos 20 soldados indianos.
"Nunca provocamos ninguém", disse o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em rede nacional de televisão ao se referir ao combate corpo-a-corpo de segunda-feira. "Não deve haver dúvida de que a Índia quer paz, mas que, se provocada, a Índia dará uma resposta adequada."
Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, disse que o confronto irrompeu depois que soldados indianos "cruzaram a linha, agiram ilegalmente, provocaram e atacaram os chineses, o que levou os dois lados a se envolverem em um conflito físico grave, lesões e morte".
Ele disse não ter conhecimento de nenhuma baixa chinesa, mas a mídia indiana citou autoridades segundo as quais ao menos 45 pessoas foram mortas ou feridas do lado chinês.
Zhao disse que a situação geral na fronteira se encontra estável e controlável.
Segundo um acordo antigo entre os dois gigantes asiáticos que detêm armas nucleares, não se pode disparar tiros na fronteira, mas houve trocas de socos entre patrulheiros nos últimos anos.
De acordo com autoridades indianas, soldados foram agredidos com porretes cravados de pregos e pedras durante uma briga ocorrida no remoto Vale (SA:VALE3) de Galwan, no alto das montanhas onde a região indiana de Ladakh faz divisa com a região de Aksai Chin, capturada pela China durante uma guerra em 1962.
Os Exércitos rivais se encaram na fronteira há décadas, mas este foi o pior confronto desde 1967, cinco anos depois de a China humilhar a Índia na guerra recente.
Modi, um nacionalista estridente, foi eleito para um segundo mandato em maio de 2019 após uma campanha concentrada na segurança nacional na esteira do acirramento das tensões com o velho inimigo Paquistão na fronteira oeste da Índia. A mídia enfática e a oposição fizeram grande pressão para que ele reaja agressivamente.
"Acabou a conversa depois do choque no Vale de Galwan, a China passou do limite", escreveu o Times of India em um editorial. "A Índia precisa reagir."
Segundo fontes do governo indiano, a luta irrompeu na segunda-feira à noite durante uma reunião para debater maneiras de apaziguar as tensões, e o coronel que comandava o lado indiano foi um dos primeiros a ser atingido e morto.
(Reportagem adicional de Tony Munroe em Pequim, Fayaz Bukhari em Srinagar e Devjyot Ghoshal em Nova Délhi)