Por Aditya Kalra e Sanjeev Miglani
NOVA DÉLHI/SRINAGAR (Reuters) - A Índia revogou nesta segunda-feira o status especial da Caxemira, região do Himalaia que há tempos causa atritos nos laços com o vizinho Paquistão, no esforço de integrar sua única região de maioria muçulmana plenamente ao resto do país.
Na iniciativa política mais abrangente em uma das regiões mais militarizadas do mundo em quase sete décadas, a Índia disse que descartará uma cláusula constitucional que permite que o Estado de Jammu e Caxemira formule suas próprias leis.
"A Constituição inteira será aplicável a Jammu e Caxemira", disse o ministro do Interior, Amit Shah, ao Parlamento, levando parlamentares da oposição a protestar em altos brados contra a revogação.
O governo também anulou uma proibição que impedia que pessoas que não moram na região comprassem propriedades, abrindo caminho para os indianos investirem e se instalarem, assim como podem fazer em outras partes da Índia, mas a medida deve provocar repúdio regional.
O Paquistão, que também reivindica a Caxemira, disse rejeitar com firmeza a decisão, que deve tensionar ainda mais as relações entre os dois países, que têm armas nucleares.
"Sendo parte desta disputa internacional, o Paquistão exercitará todas as opções possíveis para se contrapor a estas medidas ilegais", disse seu Ministério das Relações Exteriores em um comunicado.
Índia e Paquistão travaram duas de suas três guerras por causa da Caxemira, convulsionada por uma revolta armada de quase 30 anos na qual dezenas de milhares de pessoas morreram e que centenas de milhares de soldados indianos foram mobilizados para conter.
A Índia atribui a rebelião ao Paquistão, que nega a acusação, dizendo que apoia o direito de autodeterminação para a Caxemira.