Negociador chefe da UE e presidente do Conselho Europeu dizem a May: nada de renegociação

Publicado 30.01.2019, 19:43
© Reuters. .

Por Guy Faulconbridge e Gabriela Baczynska

LONDRES/BRUXELAS (Reuters) - O negociador chefe da União Europeia para o Brexit disse ao Reino Unido nesta quarta-feira que não há tempo suficiente para encontrar uma alternativa para o arranjo sobre a fronteira irlandesa presente no acordo de retirada, como Londres deseja, e que o tratado não está aberto à renegociação.

Faltando menos de dois meses para o Reino Unido ser obrigado por lei a deixar a União Europeia, uma estreita maioria no Parlamento britânico instruiu May na terça-feira a voltar à Bruxelas para revisar o que é provavelmente a parte mais complicada do acordo.

Michel Barnier disse à rádio francesa RTL que os dois anos de negociações do Brexit buscaram uma alternativa para o mecanismo “backstop”, elaborado para garantir que a fronteira entre a Irlanda, Estado membro da UE, e a província britânica da Irlanda do Norte, que durante muito tempo foi um cenário de violência sectária, permaneça livre de postos de controle.

“Ninguém, em ambos os lados, foi capaz de dizer qual arranjo seria necessário para garantir o controle de bens, animais e mercadorias, sem uma fronteira”, disse Barnier. “Nós não temos nem o tempo, nem a tecnologia.”

A incerteza de última hora deixa investidores e aliados do Reino Unido tentando estimar se a crise terminará em um tratado, em um caótico Brexit sem acordo no dia 29 de março, em um adiamento, ou até no cancelamento do Brexit como um todo.

Essencialmente, May usará a ameaça implícita de um Brexit sem acordo para chegar a um tratado com os outros 27 Estados membros da UE, cuja economia somada é cerca de seis vezes maior do que a do Reino Unido. Mas, a resposta europeia tem sido unida e clara.

“O acordo de retirada não está aberto a renegociação”, escreveu o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em publicação no Twitter, que disse ser uma mensagem a May. “Ontem, nós descobrimos o que o Reino Unido não quer. Mas, nós ainda não sabemos o que o Reino Unido quer.”

A Irlanda acusou May de estar se iludindo ao buscar renegociar um arranjo pós-Brexit para a fronteira irlandesa em uma tentativa de conquistar o apoio do Parlamento britânico para seu acordo de retirada da UE.

Simon Coveney, ministro de Relações Exteriores da Irlanda, cuja economia deve ser a mais prejudicada por um Brexit sem acordo, disse que o Reino Unido não ofereceu uma maneira viável de manter a fronteira aberta.

“O que estão pedindo para nós fazermos aqui é comprometer uma solução que funciona, e substituí-la por algo que não passa de um desejo”, disse.

ESCLARECIMENTOS

Embora a UE tenha repetidamente se recusado a retomar as negociações sobre o acordo de retirada, fontes do bloco disseram que esclarecimentos adicionais, declarações e garantias sobre o “backstop” podem ser possíveis.

May tem dito que precisa de mais --uma mudança legalmente vinculante. A premiê pretende conseguir a aprovação do Parlamento para um acordo revisado no dia 13 de fevereiro. Se não for possível, o Parlamento votará sobre os próximos passos a serem tomados no dia 14 de fevereiro.

© Reuters. .

Tanto os conservadores de May, como a principal legenda de oposição, o Partido Trabalhista, estão formalmente empenhados em realizar o Brexit, mas, internamente, estão divididos sobre como ou até se devem fazê-lo.

O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, que defende um relacionamento muito mais próximo com a União Europeia fundamentado por uma união aduaneira, se reuniu com May para discutir o Brexit.

“Jeremy defendeu o nosso plano alternativo”, disse seu porta-voz, acrescentando que o tom da reunião foi “sério e de empenho” e que os dois concordaram em se encontrar novamente.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.