JERUSALÉM (Reuters) - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, dissolveu o gabinete de guerra de seis membros, informou uma autoridade israelense nesta segunda-feira, em uma medida amplamente esperada que ocorreu após a saída do governo do general da reserva de centro Benny Gantz.
Netanyahu deve agora realizar consultas sobre a guerra de Gaza com um pequeno grupo de ministros, incluindo o ministro da Defesa, Yoav Gallant, e o ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, que faziam parte do gabinete de guerra.
A medida foi anunciada conforme o enviado especial dos EUA Amos Hochstein visitava Jerusalém, buscando acalmar a situação na fronteira disputada com o Líbano, onde Israel disse que as tensões com a milícia Hezbollah, apoiada pelo Irã, estavam aproximando a região de um conflito mais amplo.
Os militares israelenses disseram nesta segunda-feira que mataram um agente sênior de uma das seções de mísseis e foguetes do Hezbollah na área de Selaa, no sul do Líbano.
Os militares também disseram que suas operações continuavam na parte sul da Faixa de Gaza, onde suas forças têm lutado contra os combatentes do Hamas na área de Tel Sultan, no oeste de Rafah, bem como nas áreas centrais do enclave.
A visita de Hochstein ocorre depois de semanas de crescentes trocas de tiros entre Israel e o Líbano, onde as forças israelenses estão envolvidas há meses em um conflito latente com o Hezbollah, que continua junto com a guerra em Gaza.
Dezenas de milhares de pessoas foram retiradas de suas casas em ambos os lados da chamada Linha Azul, que divide os dois países, deixando áreas assustadoramente desertas de vilas e fazendas abandonadas, atingidas por bombardeios quase diários.
"O estado atual das coisas não é uma realidade sustentável", disse o porta-voz do governo, David Mencer, em uma coletiva de imprensa.
O primeiro-ministro enfrentava exigências dos parceiros nacionalistas-religiosos de sua coalizão, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, para serem incluídos no gabinete de guerra, uma medida que teria intensificado as tensões com os parceiros internacionais, incluindo os Estados Unidos.
O fórum foi formado depois que Gantz se juntou a Netanyahu em um governo de união nacional no início da guerra em outubro e também incluiu o parceiro de Gantz Gadi Eisenkot e Aryeh Deri, chefe do partido religioso Shas, como observadores.
Gantz e Eisenkot deixaram o governo na semana passada, devido ao que eles disseram ser o fracasso de Netanyahu em formar uma estratégia para a guerra de Gaza.
Embora as pesquisas de opinião sugiram que a maioria dos israelenses apoia o objetivo do governo de destruir o Hamas, tem havido protestos generalizados atacando o governo por não fazer mais para trazer de volta cerca de 120 reféns ainda mantidos em Gaza.
Ao longo da fronteira norte, nesta segunda-feira, o segundo dia da celebração muçulmana do Eid, foi relativamente calmo em comparação com os dias anteriores, quando os disparos de foguetes provocaram incêndios generalizados em condições de onda de calor.
Uma pesquisa do Instituto de Política do Povo Judeu, um grupo de estudos com sede em Jerusalém, mostrou que 36% dos entrevistados são a favor de um ataque imediato contra o Hezbollah, contra 26% um mês antes.
O Instituto de Pesquisa Alma, um grupo de estudos israelense que se concentra na fronteira norte, registrou em maio o nível mais alto de ataques contra Israel desde o início das hostilidades em outubro passado.
A aviação e a artilharia israelenses tem bombardeado o sul do Líbano e, na semana passada, mataram um comandante sênior do Hezbollah em um ataque contra um centro de comando e controle que provocou uma nova intensificação dos ataques.
Além dos ataques com mísseis e foguetes antitanque, houve um aumento acentuado nos ataques com drones, o que evidencia a força do arsenal que o Hezbollah acumulou desde o último grande conflito entre os dois lados em 2006.
(Reportagem de Maayan Lubell e James Mackenzie)